Eu sei que deveria estar vendo “Dark”, coisa e tal (verei algum dia. Ou já vi no futuro mas ainda não cheguei lá), mas eu passei os últimos dias obcecada com a desconhecidinha “Normal People” (Starzplay). Tipo obcecada mesmo, parei de ver qualquer coisa para ficar assistindo a dois adolescentes problemáticos que se apaixonam mas não conseguem se assumir propriamente. Pois é. Baseada no romance de mesmo nome da irlandesa Salley Rooney, que consegue captar a, digamos, essência da geração millenial – e que, como é fácil notar para quem já leu alguma coisa dela, participou da adaptação do livro -, a série é uma coisa linda de se ver. É uma história difícil, complicada, sobre adolescência, paixões, descoberta do amor, do sexo, depressão, abusos… E mesmo assim é daquelas séries em que, em boa parte do tempo, nada acontece. A gente fica lá, vendo a vida deles passar, entre o colégio em uma cidadezinha irlandesa e a faculdade, em Dublin (sim, a série é filmada na Irlanda, o que torna tudo mais chique) . Fica vendo os dois transando – em cenas de sexo belíssimas e nada gratuitas. Fica vendo os dois se tornarem íntimos e se afastarem. Assiste ao amadurecimento de Marianne e Connell, à inversão de status dos dois quando passam do colégio à faculdade. E tudo soa verdadeiro, genuíno, dolorido. "Normal People” é filmada de um jeito tão íntimo que a gente quase consegue ouvir o pensamento dos personagens. Tem uma trilha sonora maravilhosa. E, como falei, é muitíssimo bem escrita e ainda conta com atuações nada menos que perfeitas da dupla de protagonistas (Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal). Juro que não é exagero dizer que dá vontade de ficar vendo aquilo pra sempre. Tipo uma temporada por ano, só para a gente ver como está a vida de Marianne e Connel. Eu veria fácil. * Parte dos 12 episódios (curtinhos, meia hora) foi dirigida por Lenny Abrahamson, indicado ao Oscar por "O Quarto de Jack", a outra parte por Hettie Macdonald. * “Conversas entre amigos”, o outro best-seller de Sally Rooney, também está na fila para virar série em breve. Eba. * Fazia tempo que eu não via uma indicação deste blog fazer tanto sucesso quanto a do meu último post, “Kidding” (Globoplay). O tanto de gente que veio pra mim dizendo que amou, que é a melhor série ever, que Jim Carrey está maravilhoso e não sei o quê. Eu não costumo dar conselho ruim, mas adoro quando há uma unanimidade assim.