Em lançamento de campanha presidencial, rapper chorou ao falar sobre aborto e criticou a abolicionista Harriet Tubman. Kanye West chora ao falar sobre aborto durante comício nos EUA Lauren Petracca Ipetracca/The Post e Courier via AP O lançamento caótico da improvável campanha do rapper americano Kanye West para substituir Donald Trump na Casa Branca provocou raiva, preocupação com sua saúde mental e dúvidas sobre sua seriedade. Vestindo um colete à prova de balas que dizia "segurança", West, 43 anos, chorou durante um discurso longo e disperso no domingo (19) em Charleston, Carolina do Sul, que deveria inaugurar sua campanha. Seus comentários controversos sobre a famosa abolicionista da escravidão Harriet Tubman ultrajaram muitos, provocaram desprezo e deixaram cientistas políticos em dúvida sobre as verdadeiras motivações do rapper. Com a inscrição "2020" raspada na cabeça, West fez um discurso de uma hora, dizendo que certa vez queria que sua esposa, Kim Kardashian, fizesse um aborto quando estava grávida de sua filha mais velha, North. Depois revelou que seu pai queria que sua mãe fizesse o mesmo quando estava grávida dele. "Minha mãe salvou minha vida", disse West, chorando. Então gritou: "Eu quase matei minha filha! Eu quase matei minha filha!". E propôs que "toda pessoa que tem um bebê receba um milhão de dólares". Entretanto, foram seus comentários de que "Harriet Tubman nunca realmente libertou escravos, apenas fez escravos trabalharem para outras pessoas brancas", que conquistou a maioria das manchetes e provocou indignação. Semana Pop lembra de famosos que se arriscaram na carreira política nos Estados Unidos West "enlouqueceu", tuitou a historiadora Kate Clifford Larson, autora de um livro sobre Tubman. A abolicionista é conhecida por ajudar dezenas de negros a escapar da escravidão montando uma rede de ativistas e casas seguras. Ela também era uma espiã da União na Guerra Civil. Diferentemente do que acontece com o maior agitador da história política americana, Donald Trump, também um "outsider" da política antes da campanha de 2016, Kanye West não tem uma mensagem forte. Se tivesse um eixo claro "ele teria a oportunidade de transformar o que é uma farsa em uma campanha importante", diz Robert Yoon, professor de jornalismo da Universidade de Michigan e especialista em campanhas eleitorais. Tecnicamente, Kanye West não tem chances de ser eleito presidente, porque os registros já foram encerrados no Texas e na Flórida, dois estados-chave nas eleições presidenciais de 3 de novembro. Embora ele tenha se registrado como candidato em Oklahoma, sua equipe não enviou as 10.000 assinaturas necessárias para se registrar na Carolina do Sul antes do meio-dia de segunda-feira (20), confirmou um porta-voz da comissão eleitoral daquele estado à agência France Presse. Para Yoon, isso não significa, no entanto, que tudo esteja resolvido para West, ou que ele não possa tirar votos do previsível candidato democrata Joe Biden. "Com seus meios pessoais, sua visibilidade e sua capacidade comprovada de atrair a atenção da mídia, ele pode ser um curinga em lugares suficientes para ter um impacto nas eleições", disse o especialista. Problemas de bipolaridade "Acho que ele será um ator menor na corrida, admitindo que seja um", diz Jeffrey McCune, professor da Universidade de Washington em St. Louis. O acadêmico, que ministrou um curso sobre Kanye West, está mais interessado em como esse rapper pode revolucionar o discurso político. Ele também está preocupado em ver a cena política e a mídia ocupada por dois candidatos, Kanye West e Donald Trump, "inconsistentes a ponto de impedir todo debate substancial". Outros temem que sua candidatura seja um novo sinal da bipolaridade do artista. Produtor musical de classe mundial, rapper de estilo único, milionário graças aos seus tênis Yeezy para a Adidas, Kanye West é um dos principais criadores dos últimos 20 anos. Ele teve, contudo, vários episódios estranhos, como seu monólogo incoerente de vários minutos no salão oval de Donald Trump, em outubro de 2018. Uma amiga íntima de sua esposa, Kim Kardashian, disse à revista "People" que a estrela teme que seu marido esteja passando por um novo episódio bipolar. Kim Kardashian revelou em 2019 que Kanye West estava se recusando a tomar remédios para regular seus problemas comportamentais e acredita que isso enfraqueceu sua energia criativa. Há também uma chance de que tudo possa ser um golpe publicitário antes do lançamento de um novo álbum, "Donda", anunciado na sexta-feira (17). Initial plugin text