Concessionária com novo conceito da Volkswagen na capital paulista (Pedro Danthas/Volkswagen/Divulgação)
Tablets, tecnologias que permitem interação por realidade aumentada e câmeras de calor que detectam presença e movimentos do cliente: a Volkswagen está inaugurando oficialmente nesta quarta-feira, 22, um novo conceito de loja, que promete ser o primeiro passo para a concessionária do futuro.
Em um setor extremamente tradicional como o automotivo, as mudanças têm sido graduais. Afinal, carros são bens de alto valor agregado e a decisão de compra, principalmente nas categorias de massa, é rigorosamente calculada.
“As redes de concessionárias vão ter de se reinventar completamente. A pandemia só acelerou um processo que já vinha acontecendo, o fluxo nas lojas vem caindo há muito tempo e essa nova concessionária que estamos apresentando é o futuro”, afirma Gustavo Schmidt, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen do Brasil, em entrevista exclusiva à EXAME.
A concessionária com o novo conceito da marca pertence ao grupo Brasilwagen, o mais antigo da montadora no Brasil e que foi fundado em 1954 na capital paulista.
Entre as mudanças implementadas na concessionária está a nova identidade visual da Volkswagen, com apelo ao público mais jovem. Além disso, a proposta é aumentar a digitalização no espaço físico.
A montadora já vinha implantando em sua rede ao redor do país o sistema Digital Dealer eXperience (DDX), que permite ao cliente conhecer todo o portfólio em óculos de realidade virtual e configurar todos os modelos em TV touchscreen.
Mudanças sutis nos móveisMudanças sutis nos móveis (Pedro Danthas/Volkswagen/Divulgação)
A experiência é espelhada no tablet do vendedor, que guia o cliente. Também é possível conferir vídeos sobre acessórios instalados virtualmente no veículo: antes, só se podia visualizar a configuração quando o carro chegava pronto.
Outras mudanças mais sutis também foram implementadas. Além de uma fachada toda envidraçada, que permite comunicação com o interior e o exterior da loja, as mesas são mais altas — o modelo tradicional de negociação em móveis convencionais ficou para trás neste endereço.
Totens com informações e vídeos interativos ao lado de cada modeloTotens com informações e vídeos interativos ao lado de cada modelo (Pedro Danthas/Volkswagen/Divulgação)
“Nossa ideia é proporcionar uma jornada mais agradável para o cliente. Sabemos que a compra do automóvel será cada vez mais digital”, diz Schmidt. “Por outro lado, não acreditamos que este processo vai ser 100% online no médio prazo, a rede continuará sendo importante na intermediação das vendas ao consumidor.”
Inteligência artificial
A Volkswagen está testando um projeto piloto em sua concessionária da Brasilwagen. Câmeras sensíveis ao calor captam os movimentos do cliente e geram dados que posteriormente podem ser usados como base para pesquisas, tanto da concessionária quanto da própria montadora.
Do lado do lojista, ele poderá avaliar se a configuração de sua concessionária pode ser melhor aproveitada, eventualmente mudando a disposição de um ou outro modelo, já que as câmeras detectam se o potencial cliente fixou o olhar por mais tempo em determinado veículo.
Fachada que permite comunicação com o exterior da lojaFachada que permite comunicação com o exterior da loja (Pedro Danthas/Volkswagen/Divulgação)
Em um momento de transformação drástica por parte da demanda, o mecanismo pode ajudar consideravelmente o concessionário a otimizar suas vendas.
Já a Volkswagen poderá aproveitar a base de dados geradas futuramente, o que configura o conceito de inteligência artificial. “Depois de ter uma base maior de informações, poderemos ter uma ideia melhor da receptividade de nossos produtos”, diz Schmidt.
As medidas fazem parte da estratégia da montadora de liderar o mercado global, com uma ofensiva de novos produtos e uma mudança na cultura da empresa. Segundo o executivo, o lançamento do SUV Nivus é um exemplo de como a marca quer se aproximar principalmente do público mais jovem.
“A busca pelo pioneirismo passa pela aproximação maior com a sociedade. Se isso trouxer a liderança, é uma consequência”, diz Schmidt.