Para abastecer o estoque, esses comerciantes precisam estar de olho no relógio. Reabertura do comércio na pandemia muda a rotina das 'sacoleiras'
A reabertura do comércio mudou a rotina das 'sacoleiras', profissionais que compram no atacado para revender no varejo em pequenas lojas. Para abastecer o estoque, esses comerciantes precisam estar de olho no relógio.
Quando se vê imagens na TV, com as ruas do Brás tomadas por uma multidão em plena pandemia deve-se pensar: "o que esse povo precisa tanto comprar?".
Lauro Pimenta, dono de uma loja no Brás responde essa pergunta. "Perfil maior do consumidor é o que chama de atacarejo. Cliente que vem de excursão de diversas lojas do brasil pra revender nas suas lojas, mas a maioria é da vizinhança, no bairro mesmo. Os sacoleiros", explica.
Uma dessas 'sacoleiras' é a Maria Auxiliadora, conhecida como Dora. Há 16 anos ela tem uma loja num bairro popular da Zona Sul de São Paulo. Nos meses em que o comércio ficou fechado, Dora comprava mercadoria pelo WhastApp e vendia para clientes da mesma forma. "Comprei bem menos e vendi menos. Uns 70 por cento a menos no período que as lojas estavam fechadas", conta.
O PEGN acompanhou Dora na sua volta ao Brás. Ela segue até o centro de transporte público. Antes da pandemia, a empresária visitava até doze confecções por dia. Agora, nem metade.
E agora que voltou o que mudou? "Na verdade a regra é o tempo é curto. A parte da manhã abre shoppings, galerias e a tarde as lojas das 11h às 15h e horário reduzido. Tá difícil. Você gasta em torno de uma hora pra fazer compra em cada loja, não da pra fazer muita loja, é bem corrido, tem que chegar cedo e não consegue fazer o que fazia antes", explica.
Toque no tecido. A Dora nunca sentiu tanta falta dessa experiência que o digital não dá. Com a flexibilização do comércio, aos poucos, a sacoleira vai voltando ao que faz de melhor.
"Tem que olhar, aqui costuras, etiqueta. Aqui tá o detalhe do bolso de uma calça. Tem que ver. Modelo das pernas. Isso é necessário que você pegue nas roupas pra você ver. Se não pegar não vê as diferenças. Se não pegar não vou conseguir ver a diferenciação pela foto não da esses detalhes", diz.
O Lauro, dono da loja no Brás, já recuperou metade do faturamento com as vendas para sacoleiras como Dora. "Pegando mesmo o período do ano passado estou com 50 a 60 por cento das vendas. Em pensar com horário reduzido não vejo como negativo. Nunca comerciante pensa em regredir, a gente imagina com ampliação do horário a gente se aproxima com números anteriores".
A reabertura do comércio trouxe mais uma vantagem para quem precisa comprar mercadoria para revender: preços mais baixos.
"Baixamos preço, investindo em novos modelos e prazo pro consumidor pra ele revender receber e voltar e comprar mais. Vira ciclo positivo", conta Lauro.
De volta à loja com estoque renovado, Dora recebe clientes e confirma: já recuperou 70% do faturamento com as vendas pós-reabertura.
DORAS MODAS
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DEJELONE
R. Oriente, 359 – Brás, São Paulo
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