Custo seguiu alto para linha de crédito pré-aprovada, uma das poucas opções a que empreendedores tiveram acesso durante a pandemia do novo coronavírus. Comércio fechado e ruas vazias no Gonzaga, em Santos Marcelo Martins/Prefeitura de Santos O retrato de dois momentos durante a pandemia do novo coronavírus mostra que os juros do cheque especial praticados pelos bancos às micro e pequenas empresas caiu 3%, enquanto a taxa básica de juros foi reduzida em mais de 30%. O levantamento é da empresa Capital Empreendedor, especializada em indicação de crédito para PMEs, com base em dados do Relatório Semanal de Juros do Banco Central. São médias móveis de 5 dias, terminando na data escolhida.Banco Central. São médias móveis de 5 dias, terminando na data escolhida. Sem confiança e sem crédito, empresários relutam em reabrir negócios O recorte da pesquisa reflete as tarifas nesse método referenciadas em 10 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde classificou o surto de Covid-19 como uma pandemia, e 1º de junho deste ano.Organização Mundial da Saúde classificou o surto de Covid-19 como uma pandemia, e 1º de junho deste ano. A variação de março para junho da taxa Selic foi de 4,25% para 3% ao ano (convertido, seria algo em torno de 0,34% para 0,24% ao mês). Os níveis bancários não acompanham por conta das políticas de risco de crédito que cada instituição adota. "Os bancos acabam preservando sua rentabilidade com um spread maior, devido a uma potencial inadimplência crescente devido à pandemia. A única forma dos cinco bancos se comportarem de outra forma seria por meio de um aumento da concorrência"Juliano Graff, sócio-fundador da Capital Empreendedor e coordenador da pesquisa. Destaque fica com o Banco do Brasil. Na primeira janela, a instituição tinha taxas de 13,46% ao mês. Na segunda, de 14,59%, juros 8% maiores no segundo momento da pesquisa. Secretário explica dificuldade de acesso a crédito durante a pandemia Na gama de bancos públicos, a Caixa Econômica Federal foi na contramão do BB. Houve redução nos juros comparados, em que as taxas caíram de 10,01% para 9,03% ao mês, 10% mais baixas. É uma das maiores reduções entre os bancos pesquisados. Dentro do time dos cinco maiores bancos, o Itaú Unibanco teve taxas 3% maiores. A média passou de 13,29% para 13,71% ao mês. Bradesco e Santander reduziram sensivelmente os juros. O primeiro cortou 3%, de 14% para 13,65% ao mês. O segundo, apenas 1% – de 13,88% para 13,78% ao mês. A única redução expressiva, em linha com a Selic, foi constatada no banco BMG. O banco forçou uma queda de 37% nas taxas do cheque especial para empresas, com taxas que passaram de 8,99% para 5,67% ao mês. Muitos estabelecimentos ainda não reabriram por falta de ajuda financeira O que dizem os bancos A reportagem do G1 procurou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os cinco principais bancos brasileiros para comentário. A federação diz apenas que "mesmo com o aumento do risco nas operações de crédito e a expectativa de aumento expressivo da inadimplência, que já se refletiu na forte elevação das provisões, as taxas de juros e os spreads bancários recuaram." O Banco do Brasil diz que monitora constantemente as taxas de juros dos produtos de crédito para pessoas físicas e jurídicas e que pratica taxas equivalentes às dos demais bancos do mesmo porte. Estabelecimentos não reabrem apesar da flexibilização por falta de ajuda financeira "As informações disponibilizadas pela Autoridade Monetária são consolidadas em grupos de produtos e a sua intensidade de uso, bem como prazos, condições e relacionamento do cliente, modificam os patamares de preços médios mesmo que o Banco não tenha alterado os patamares de taxas de juros", diz em nota. O Itaú Unibanco afirma que não aumentou as taxas de juros para pessoas físicas, micro, pequenas e médias empresas desde o início da pandemia e que a comparação de taxas em um período tão curto "pode induzir a conclusões equivocadas". "O banco tem oferecido condições inéditas de alongamento de prazos, carências e renegociações para seus clientes. Em relação especificamente à taxa de juros do cheque especial, houve queda entre os meses de março e maio, sendo esta queda nominalmente maior do que a queda da taxa Selic no mesmo período. Caixa informa que atingiu o limite de empréstimos contratados pelo Pronampe O Bradesco afirma que tem acompanhado a redução da Selic em suas principais linhas de crédito. "É importante observar que o cheque especial é uma linha para ser utilizada em situações emergenciais, pois é uma linha de curto prazo, de simples contratação, sem garantias adicionais e com limite pré-aprovado", diz o banco em nota. O Santander diz que orienta os clientes a utilizarem o cheque especial apenas em situações emergenciais e de curto prazo. "Além disso, para os imprevistos do dia a dia, o Santander Master garante cinco dias sem cobrança no uso do limite extra da conta corrente. Portanto, o custo para o cliente é compatível com estes diferenciais.” A Caixa não respondeu aos contatos até o fechamento da reportagem.