CEO da Latam Brasil diz que pedido foi motivado por crise sanitária prolongada
O prolongamento da crise sanitária no Brasil e o impacto sobre a demanda de voos é o principal motivo do pedido de recuperação judicial da Latam Brasil, informou nesta quinta-feira (9) ao blog o CEO da empresa, Jerome Cadier.
“Eu não imaginaria, em maio [quando a Latam Chile, Colombia, Peru e Equador entraram com o mesmo pedido nos EUA], que a demanda por passagens aéreas no Brasil ainda estaria tão baixa em julho, e isso se deve ao prolongamento da pandemia”, disse Cadier.
O governo brasileiro tem adotado, desde março, uma posição contrária a medidas de fechamento e distanciamento social, num discurso que o presidente Jair Bolsonaro utiliza para defender a economia.
Sem apoio federal, estados e municípios têm sido menos eficientes em promover ações para evitar o crescimento do número de casos de Covid-19 e das mortes causadas pela doença, o que acabou por ampliar o problema e pode levar a novas medidas, ainda mais duras, como lockdown.
Cadier afirmou que também esperava que, até meados de julho, o pacote de ajuda do BNDES às empresas aéreas já estivesse fechado, o que ainda não ocorreu.
O executivo garantiu que para os consumidores da empresa nada irá mudar, assim como não mudou no Chile. “A gente continua voando e respeitando todos os acordos”, disse ele. O mesmo vale para o programa de fidelidade da empresa.
Ele afirma que a reestruturação da Latam ocorre como uma forma de se adaptar às mudanças permanentes que o setor aéreo terá a partir da pandemia.
“A gente precisa ser bastante transparente e dizer que o setor de turismo vai ser outro depois da pandemia. Não adianta achar que daqui a seis meses a vida sera exatamente como era”, explicou Cadier.
Mesmo assim, o CEO acredita que o Brasil recuperará o mesmo número de passageiros do início de 2019 e até verá um crescimento na demanda, mas com outras necessidades que serão exigidas das empresas aéreas, como maior flexibilidade.
A Latam Brasil tem uma divida de R$ 7 bilhões que, com passivos, sobe a R$ 13 bilhões. A empresa já conseguiu aportes dos sócios e de outros fundos no valor de US$ 2,2 bilhões. O plano é apresentar às autoridades americanas um plano de recuperação judicial de 12 meses. Ao final, a expectativa é que a empresa esteja cerca de 40% menor, em todo o mundo.
“Queremos nos antecipar para estarmos preparados para esse novo mercado”, concluiu Cadier.