Guedes disse que, se plano fosse 'tão extraordinário', PSDB não teria perdido quatro eleições. Em carta, Bruno Araújo afirmou que Guedes ainda não conseguiu 'ser parte relevante' da história. O presidente nacional do PSDB, o ex-deputado e ex-ministro Bruno Araújo, divulgou nesta quarta-feira (8) uma carta aberta dirigida ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para contestar as críticas ao Plano Real.
Na carta, Araújo afirma que Guedes é o ministro do “semana que vem nós vamos” e que ainda não fez nada pelo país.
"Até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do 'semana que vem nós vamos', ministro de uma semana que nunca chega. Ficou sempre para 'semana que vem' a apresentação da reforma tributária, a proposta da reforma administrativa que combata privilégios, da privatização de estatais que só servem para sorver dinheiro público", afirmou Bruno Araújo.
O G1 consultou a assessoria do Ministério da Economia a fim de saber se o ministro pretende se manifestar e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Na noite de domingo (5), durante uma entrevista ao canal CNN Brasil, Guedes disse que é um mito considerar que o Plano Real foi o “melhor do mundo” e que se o plano fosse tão extraordinário o PSDB não teria perdido quatro eleições seguidas.
"Parece coisa de gente que até agora não conseguiu ser parte relevante de um único momento memorável sequer da história do nosso país. Só isso, ou alguma absoluta amnésia, explica a tentativa do atual ocupante do Ministério da Economia de tentar diminuir a relevância do Plano Real ou de outras conquistas econômicas e sociais promovidas pelo PSDB em seus governos”, afirmou Bruno Araújo em carta aberta (leia a íntegra ao final desta reportagem).
Não foi a primeira crítica ao plano feita pelo ministro. Em 2019, Guedes afirmou na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que o Plano Real foi um plano monetarista brilhante e que fez bancos ganharem muito dinheiro.
Na carta, Bruno Araújo afirmou que o tão esperado crescimento econômico prometido por Guedes nunca ocorreu, mesmo antes da pandemia. “Agora não passa de miragem, sabe-se lá para quando”, afirmou.
Segundo o presidente do PSDB, mesmo durante o governo de Jair Bolsonaro, "o PSDB esteve à frente das principais realizações econômicas recentes, levadas adiante pelo seu empenho legislativo, como a reforma da Previdência e o novo marco do saneamento, ambos conduzidos por parlamentares tucanos no Congresso Nacional".
"Ficam as perguntas: e Paulo Guedes, o que tem para mostrar? O que o atual ministro da Economia está esperando para começar a fazer alguma coisa pelo Brasil? Quando vai pelo menos indicar que sabe pelo menos como fazer?", escreveu Araújo.
Veja abaixo fala do ministro Paulo Guedes sobre crescimento econômico em janeiro deste ano.
Paulo Guedes diz que Brasil está retomando crescimento econômico sustentável
A carta
Leia abaixo a íntegra da carta divulgada pelo presidente do PSDB:
Carta aberta ao ministro Paulo Guedes
O atual ministro da Economia tem sido reincidente em suas declarações públicas contra o PSDB.
Parece coisa de gente que até agora não conseguiu ser parte relevante de um único momento memorável sequer da história do nosso país.
Só isso, ou alguma absoluta amnésia, explica a tentativa do atual ocupante do ministério da Economia de tentar diminuir a relevância do Plano Real ou de outras conquistas econômicas e sociais promovidas pelo PSDB em seus governos.
Paulo Guedes talvez não se lembre, mas a hiperinflação era um mal que consumia o dinheiro das pessoas, tornava os pobres mais pobres e, acima de tudo, destruía qualquer perspectiva de futuro para o país. Paulo Guedes talvez não se importe com coisas desta natureza.
Melhor seria para o país se o ministro ocupasse seu tempo com uma agenda de realizações que busque cumprir o básico de quem está num governo: ajude a melhorar a vida das pessoas, ainda mais num momento tão difícil quanto o atual.
Até agora, passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo.
Até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do “semana que vem nós vamos”, ministro de uma semana que nunca chega.
Ficou sempre para “semana que vem” a apresentação da reforma tributária, a proposta da reforma administrativa que combata privilégios, da privatização de estatais que só servem para sorver dinheiro público.
Cadê o Brasil novo que o atual ministro tanto promete e nunca entrega?
Mesmo antes da pandemia, o tão esperado crescimento econômico – aquele que Paulo Guedes vivia dizendo que “estava decolando” – nunca ocorreu. Agora não passa de miragem, sabe-se lá para quando.
O Brasil moderno, ministro Paulo Guedes, nasceu nos governos do PSDB. Não adianta querer fazer como alguns dos regimes mais repugnantes da história da humanidade, que se dedicaram a deturpar e a tentar reescrever a história. Isso não é coisa de quem preza a democracia.
A lista de realizações é extensa, mas não custa relembrar.
Além do excepcional Plano Real, que trouxe estabilidade econômica e inédita transferência de renda, beneficiando sobretudo os mais pobres, tivemos as privatizações, como a da telefonia, que levou celulares a todos os brasileiros; a Lei de Responsabilidade Fiscal; a criação dos programas de transferência de renda; a universalização do ensino fundamental, de tempos em que o Ministério da Educação cuidava de educação; e a criação dos medicamentos genéricos, de quando o país tinha ministro da Saúde.
No período em que o PSDB fazia tudo isso, Jair Bolsonaro, o chefe do atual ministro, mantinha-se gostosamente abraçado ao Partido dos Trabalhadores na trincheira contra a modernização do país. Votava contra todas as reformas, contra o Plano Real, contra as privatizações e sempre pela manutenção e pela ampliação de privilégios e interesses corporativos. Talvez seja isso que explique a raiva que Paulo Guedes sente pelo PSDB…
Mais tarde, na firme oposição ao PT, o PSDB fincou pé na defesa das instituições, no combate aos abusos, na denúncia incansável dos erros de um governo que levou o país a uma crise econômica, social, política, ética e moral de proporções até então inéditas. E Paulo Guedes, onde estava?
Não é só o passado que nos diferencia do atual ministro. O presente também nos coloca em lados opostos.
Enquanto Paulo Guedes continuava prometendo um novo mundo “para a semana que vem”, o PSDB atuava para tornar possíveis as mudanças que o país precisa.
Já durante o governo Bolsonaro, o PSDB esteve à frente das principais realizações econômicas recentes, levadas adiante pelo seu empenho legislativo, como a reforma da Previdência e o novo marco do saneamento, ambos conduzidos por parlamentares tucanos no Congresso Nacional.
Ficam as perguntas: e Paulo Guedes, o que tem para mostrar? O que o atual ministro da Economia está esperando para começar a fazer alguma coisa pelo Brasil? Quando vai pelo menos indicar que sabe pelo menos como fazer? Vai trabalhar ou vai continuar na sanha inútil contra quem realmente realizou mudanças e promoveu benefícios para todos os brasileiros?
Bruno Araújo
Presidente Nacional do PSDB