Linha de produção: empresas estão reduzindo quadros (Volkswagen/Divulgação)
A pandemia atingiu em cheio a indústria automotiva. O ritmo de produção se mantém lento e a perspectiva das montadoras é que a recuperação do mercado venha somente em 2025. Enquanto isso, as demissões começam a aumentar no setor.
“O ajuste da mão de obra já começou de forma paulatina nas empresas. Sem uma retomada consistente da economia, vemos essa questão com preocupação. O emprego no setor está em risco”, afirma Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras.
Em junho, o setor registrou uma queda de 1.000 postos de trabalho em relação ao mês anterior, para 124.001 pessoas. Na comparação anual, o corte total chegou a 5.000.
O dirigente afirma que a Medida Provisória 936, que trata de mecanismos para manutenção do nível de emprego na pandemia, foi positivo. Porém, a ferramenta é temporária. “Precisamos da retomada da economia. Sem um nível bom da atividade, teremos dificuldades para manter as operações.”
Ao final de junho, os estoques de veículos no setor recuaram de 45 pra 36 dias. Segundo Moraes, as montadoras estão calibrando a armazenagem diante do forte impacto da pandemia nas vendas.
Com isso, no primeiro semestre a produção de veículos leves e pesados recuou 50,5%, em um cenário de queda de quase 40% das vendas e de 46% das exportações.
“Considerando as experiências do passado, na melhor das hipóteses vamos retomar o desempenho de 2019 somente em 2025”, diz Moraes.
Agenda de reformas
De acordo com o presidente da Anfavea, por enquanto as montadoras vão mirar o “modo sobrevivência”: preservando caixa, redefinindo prioridades e postergando investimentos.
Embora as empresas estejam adotando medidas para vender, como financiamentos diferenciados pelos bancos de montadoras, a expectativa de retomada lenta da economia coloca um sinal de alerta no setor.
“Para a economia se recuperar, acreditamos que o governo precisa continuar avançando com a agenda de reformas, principalmente a tributária”, diz Moraes.