Ele ganhou duas estatuetas no Oscar e outros prêmios por músicas de filmes como 'Três Homens em Conflito', 'Os Intocáveis', 'Cinema Paradiso', 'Ata-me!' e 'Os Oito Odiados'. Ennio Morricone durante sessão de fotos em dezembro de 2013 AP Foto/Michael Sohn, arquivo Ennio Morricone, maestro e compositor de trilhas sonoras que marcaram a história do cinema, morreu aos 91 anos, nesta segunda-feira (6), na Itália. Morre na Itália Ennio Morricone, um dos maiores compositores da história do cinema Ele estava internado há 10 dias em uma clínica em Roma após sofrer uma queda e fraturar o fêmur. Um comunicado divulgado por Giorgio Assuma, advogado e amigo do artista, informa que o maestro italiano morreu "nas primeiras horas de 6 de julho no conforto de sua família". Relembre as trilhas famosas Morricone escreveu o próprio obituário Famosos e autoridades lamentam morte De acordo com a nota, Morricone "permaneceu lúcido e com grande dignidade até o fim" e "se despediu de sua amada esposa Maria". Ainda segundo Assuma, Ennio escreveu o próprio obituário. No texto, Morricone se despese de sua esposa, Maria Travia, — a quem cita a "despedida mais dolorosa" — de seus filhos, netos, amigos e do diretor de cinema Giuseppe Tornatore. "Ennio Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho", escreveu o maestro. Relembre a trajetória de Ennio Morricone, criador de trilhas famosas no cinema O funeral será organizado de forma privada para respeitar "o sentimento de humildade que sempre inspirou os demais", disse Assuma. Morricone deixa a esposa, Maria, e quatro filhos, Andrea, Giovanni, Marco e Alessandra. Centenas de trilhas, dezenas de prêmios Morricone nasceu em 10 de novembro de 1928, em Roma, e começou a compor aos seis anos. Em 1961, aos 33 anos, estreou no cinema com a música de "O Fascista", de Luciano Salce. Ele escreveu para filmes, programas de televisão, canções populares e orquestras, mas foi sua amizade com o diretor italiano Sergio Leone que lhe trouxe fama. Ele se dedicou muito às canções para o gênero "spaghetti westerns" que consagraram Clint Eastwood na década de 1960. Entre as mais de 500 trilhas sonoras para cinema e televisão em seu currículo, há composições para filmes como "Três Homens em Conflito", "A Missão", "Era uma Vez na América", "Os intocáveis", "Cinema Paradiso", entre outros. "A música de 'A Missão' nasceu de uma obrigação. Tinha que escrever um solo oboé, se passava na América do Sul no século XVI, e tinha a obrigação de respeitar o tipo de música do período. Ao mesmo tempo, eu tinha que compor uma música que também representasse os índios da região. Todas as obrigações me prendiam. Mas também fizeram com que saísse algo claro", recordou o compositor à agência France Presse em 2017. De acordo com ele, a música dos filmes italianos era medíocre e sentimental. Ele desejava renová-la com um estilo mais próximo de Hollywood. Ao longo da carreira, Ennio ganhou dois prêmios no Oscar e dezenas de outros prêmios, incluindo Globos de Ouro, Grammys e BAFTAs. Mario Sérgio Conti comenta obra de Ennio Morricone Em 2007, recebeu um Oscar honorário por sua carreira musical. Na ocasião, dedicou o prêmio à esposa Maria Travia, com quem era casado desde 1956 e considerava sua melhor crítica. "Ela não tem treinamento formal em música, mas julga meu trabalho como o público o faria. Ela é muito rígida." Seu outro Oscar foi em 2016, com a trilha sonora de "Os Oito Odiados", de Quentin Tarantino. Inicialmente, Ennio recusou o trabalho, mas depois cedeu, exigindo que Tarantino lhe permitisse uma "ruptura total com o estilo dos filmes ocidentais". Além de Leone e Tarantino, Ennio também trabalhou com nomes como Roman Polanski, Terrence Malick e os italianos Giuseppe Tornatore e Bernardo Bertolucci. Ennio Morricone conduz a Orquestra Filarmônica Nacional Húngara em apresentação em julho de 2009 AP Photo/Boris Grdanoski, arquivo No início de junho, Morricone foi anunciado o vencedor, ao lado do também compositor John Williams, do prêmio Princesa das Astúrias das Artes na Espanha. A entrega do prêmio aconteceria em uma cerimônia, em outubro. Famosos e autoridades lamentam Nas redes sociais, famosos e autoridades lamentaram a morte de Ennio Morricone. "Sempre nos recordaremos, e com um reconhecimento infinito do gênio artístico, do maestro Ennio Morricone. Nos fez sonhar, nos emocionou e fez pensar, escrevendo notas inesquecíveis que ficarão para sempre na história da música e do cinema", escreveu o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte. A morte de Morricone "nos priva de um artista distinto e genial", lamentou o presidente italiano Sergio Mattarella. O ator Antônio Banderas também lamentou a morte: "É com grande tristeza que nos despedimos do grande mestre do cinema. Sua música continuará tocando em nossas memórias. Descanse em paz." Ao lado de Clint Eastwood, o compositor italiano Ennio Morricone recebe o Oscar Honorário por sua contribuição à arte da música cinematográfica, em 2007 AP Photo/Mark J. Terrill, arquivo As principais trilhas 1964: "Por um Punhado de Dólares" de Sergio Leone 1965: "Por uns Dólares a Mais" de Sergio Leone 1966: "Três Homens em Conflito" de Sergio Leone 1966: "A Batalha de Argel" de Gillo Pontecorvo 1968: "Teorema" de Pier Paolo Pasolini 1968: "Era uma Vez no Oeste" de Sergio Leone 1969: "Os Sicilianos" de Henri Verneuil 1970: "O Pássaro das Plumas de Cristal" de Dario Argento 1971: "Quando Explode a Vingança" de Sergio Leone 1971: "Decameron" de Pier Paolo Pasolini 1971: "A Classe Operária vai para o Paraíso" de Elio Petri 1971: "Sacco e Vanzetti" de Guiliano Montaldo 1974: "Medo sobre a Cidade" de Henri Verneuil 1975: "Saló ou os 120 Dias de Sodoma" de Pier Paolo Pasolini 1976: "1900" de Bernardo Bertolucci 1978: "Cinzas no Paraíso" de Terrence Malick 1978: "A Gaiola das Loucas" de Edouard Molinaro 1981: "O Profissional" de Georges Lautner 1984: "Era uma Vez na América" de Sergio Leone 1986: "A Missão" de Roland Joffé 1987: "Os Intocáveis" de Brian de Palma 1987: "Busca Fenética" de Roman Polanski 1989: "Cinema Paradiso" de Giuseppe Tornatore 1989: "Ata-me!" de Pedro Almodóvar 1989: "Pecados de Guerra" de Brian de Palma 1991: "Bugsy" de Barry Levinson 1992: "A Cidade da Esperança" de Roland Joffé 1998: "A Lenda do Pianista do Mar" de Giuseppe Tornatore 2000: "Vatel, um Banquete para o Rei" de Roland Joffé 2000: "Missão: Marte" de Brian de Palma 2015: "Os Oito Odiados" de Quentin Tarantino O compositor italiano Ennio Morricone posa para um retrato durante entrevista em Londres, na Inglaterra Dylan Martinez / Reuters