Empresa negocia com sindicatos abertura de plano de demissão voluntária para trabalhadores em férias coletivas. Número de funcionários que empresa espera abranger com plano não foi divulgado. Unidade da Embraer em Eugênio de Melo Divulgação/Embraer A Embraer anunciou nesta quinta-feira (2) que negocia a abertura de um Plano de Demissão Voluntária (PDV). O pacote se estenderia para funcionários que estão em férias coletivas, com foco nos setores de engenharia e produção. A empresa não informou o volume de adesão esperada. No anúncio, a empresa alegou que teve as finanças impactadas pelo coronavírus e que tomou medidas de contenção, como férias coletivas e lay-off, mas que foi necessária a abertura de um PDV. No Brasil, a Embraer mantém unidades em São José dos Campos, Taubaté, Campinas, Sorocaba, Gavião Peixoto, Botucatu, Belo Horizonte e Florianópolis. A medida se estende às unidades de todo o país, onde a empresa emprega cerca de 16 mil pessoas. No comunicado, a empresa disse que ainda negociava com sindicatos os termos do acordo. A proposta inicial da Embraer inclui: extensão do plano de saúde e R$ 450 de vale-alimentação por seis meses indenização do restante da estabilidade do acordo coletivo que se encerra em agosto verbas rescisórias comuns a desligamentos sem justa causa indenização de 10% do salário-base nominal por ano de empresa. Para quem recebe até R$ 9 mil, garantia de no mínimo um salário nominal de indenização e para quem recebe acima desse valor, no mínimo R$ 9 mil de indenização. Em São José dos Campos, o Sindicato dos Metalúrgicos informou que recusou a primeira proposta da empresa e que é contra a demissão de trabalhadores. "A proposta que a empresa quer oferecer não é de PDV. Essa é uma proposta de demissão com indenização. A gente disse que a proposta não era boa e que falar de demissão agora é um absurdo. Eles receberam ajuda do governo e a empresa vai receber ajuda do BNDES. Nós somos contra" disse Herbert Claros, representante sindical da empresa. A Embraer emprega cerca de 10 mil pessoas em São José dos Campos e Taubaté. Segundo a empresa, dois terços deste efetivo atuam por home office e cerca de três mil trabalhadores atuam nas indústrias. Integrantes dos grupos de risco que precisam trabalhar presencialmente entraram em férias coletivas mais licença remunerada. O Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo informou que não foi comunicado oficialmente sobre o PDV. "Nossa posição, especialmente neste momento, é totalmente contrária às demissões. O que está sendo chamado de PDV pela Embraer, na verdade, é um indicativo de demissão em massa pura e simplesmente, o que é inaceitável. Sabemos da importância desta empresa para a economia e a tecnologia nacionais e estamos abertos a dialogar e negociar condições para a manutenção dos empregos dos engenheiros. Mas dar aval ao desligamento de profissionais está fora de cogitação", diz a entidade em nota. Em nota, a empresa informou que "por conta da crise gerada pela Covid-19 em todo o mundo e, em particular, na indústria aeronáutica, a Embraer vem tomando uma série de medidas para proteger a saúde das pessoas e manter a continuidade dos negócios". Desde março, a fabricante de aviões já colocou trabalhadores em home office, concedeu férias coletivas, adotou a suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay-off) e reduziu a jornada de trabalho.