Desde o início do ano, a moeda brasileira acumula desvalorização de 29,6% em relação ao dólar. Só fica atrás do bolívar, da Venezuela. Notas de dólar e real em casa de câmbio no Rio de Janeiro Reuters O real é a segunda moeda que mais perdeu valor em relação ao dólar neste ano, mostra um levantamento realizado pelo economista Alex Agostini, da Austin Rating. O estudo leva em consideração a cotação de fechamento desta terça-feira (30) de 121 moedas. Desde o início do ano, a moeda brasileira acumula desvalorização de 29,6% em relação ao dólar. Só fica atrás do bolívar, da Venezuela. Nesta terça-feira, o dólar encerrou cotado a R$ 5,4396. Desvalorização em relação ao dólar Economia G1 Há uma série de fatores que contribuem para a perda de valor do real ao longo deste ano. No cenário internacional, a crise desencadeada pelo coronavírus tem provocado uma desvalorização das moedas emergentes com o aumento da aversão ao risco que ronda a economia global. Internamente, há uma pressão para que o ajuste das contas públicas prossiga depois de superada a crise sanitária. Com o avanço do coronavírus, o governo aumentou os gastos para tentar mitigar os efeitos da recessão no orçamento de empresas e famílias, o que deve provocar um endividamento ainda maior do país. No ano passado, a dívida bruta do Brasil chegou a 75,8% do Produto Interno Bruto (PIB). O número é considerado alto para uma economia emergente, como a brasileira, e deverá crescer ainda mais por causa dos gastos provocados pela crise. Em maio, por exemplo, a dívida bruta chegou a 81,9% do PIB. Déficit foi maior do que todo o ano de 2019, diz Míriam sobre dados do 2° trimestre "A questão fiscal é bastante delicada. Nos últimos anos, o Brasil vinha promovendo um ajuste, tomou medidas importantes, fez algumas reformas, como a da Previdência, mas os números só foram melhorando aos poucos", diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. "E, de repente, com toda essa crise e a necessidade de um gasto maior neste ano, há uma dúvida se o país consegue se reerguer depois da pandemia." Na leitura de analistas, o aumento de gastos se faz necessário neste momento. Mas uma deterioração fiscal contínua pode levar a um crescimento da percepção de risco dos investidores sobre a economia brasileira, provocando uma saída de recursos do país e dificultando a retomada. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a economia brasileira deve recuar 9,1% neste ano.