Levantamento mostra que saíram-se bem apenas serviços essenciais, como supermercados, farmácias, agricultura e gasolina. RJ, 12/05/2020 Comércio fechado na Tijuca, Zona Norte do Rio Marcos Serra Lima/G1 Um levantamento da Americas Market Intelligence, encomendado pela Visa, mostra que 83% das pequenas e médias empresas da América Latina sofreram com a queda de atividade pela crise causada pela pandemia do novo coronavírus. As exceções são serviços essenciais, como supermercados, farmácias, produtores de bens agrícolas e revendedores de combustíveis. São negócios que se mantiveram abertos mesmo com as medidas de quarentena nas principais cidades da região para promover o combate ao vírus. Em crise, pequenas empresas têm dificuldade de acessar linhas de crédito A pesquisa “As PMEs latinoamericanas em tempo de COVID-19 seus desafios, dificuldades e necessidades” foi apurada em maio deste ano, com 100 empresas no Brasil, México e Colômbia. Foram sondados setores da indústria, comércio e serviços. "A folha de pagamento dos funcionários aparece como a maior preocupação dos empresários, seguida por pagamento de aluguel, crédito mobiliário e despesas com contas de luz, água e telefone", diz o relatório. "Com isso, as empresas gostariam de poder contar com o apoio dos bancos para enfrentar e superar essa crise." O crédito bancário é justamente um dos gargalos da crise. No Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta terça-feira (30) que algumas empresas ainda enfrentam dificuldade para acessar o crédito e que os programas para liberação dos recursos ainda não foram suficientes para atender à demanda gerada pela crise. Segundo o ministro, houve um aumento da oferta de crédito, mas com a crise econômica a necessidade das empresas por capital de giro "explodiu". Pequenos empresários tentam seguir em frente e falam sobre o futuro pós-pandemia “Os programas de crédito, onde temos o time mais técnico, é um grupo tecnicamente muito forte. Mas, às vezes, é o time do Barcelona, mas perde. Apesar do time, a verdade é que o desempenho do nosso time, e eu me incluo nesse front, foi muito difícil. Mesmo expandindo o crédito como expandimos, não foi suficiente”, afirmou Guedes. A pesquisa da Americas Market Intelligence mostra que a redução drástica de vendas atingiu 40% das empresas entrevistadas, e outros 30% relatam dificuldades de oferta, como falta de matéria-prima e cancelamento de contratos. "As PMEs do comércio demonstram que precisam de acesso a um novo crédito nesse momento. Já as empresas da indústria e provedores de serviços apontam a assistência dos bancos para flexibilizar pagamentos de cartões de crédito como maior necessidade", diz o relatório. Ainda que o acesso a crédito esteja limitado, houve algum afrouxamento. Excluindo refinanciamento de cartão, o levantamento identificou que 60% das empresas não conseguiram empréstimos, incluindo de amigos ou familiares. Em 2018, eram 86%. Donos de micro e pequenos negócios continuam sem acesso a programas de crédito do governo Digitalização Em comparação com 2018, as empresas mostram-se mais habituadas ao ambiente digital. Com 87% dos entrevistados que dizem usar Internet Banking ou aplicativos dos bancos, houve aumento de quase 10 pontos percentuais desde a última sondagem. Apenas 15%, contudo, faz uso de operações mais avançadas, como solicitação de crédito. Para comunicação e divulgação de vendas, o uso é mais intenso. São 97% dos entrevistados os que usam alguma das redes sociais para esse fim. “As PMEs da América Latina já fazem boa utilização dos canais digitais dos bancos e das redes sociais para se comunicarem com os clientes. Por isso, temos uma oportunidade de ajudá-las a tornar as operações comerciais por estes meios cada vez mais seguras, práticas e convenientes”, diz JP Cuevas, Head da Visa Business Solutions para América Latina e Caribe em comunicado.