Para estudiosos da Epagri, insetos têm chance remota de se deslocarem para Santa Catarina e devem ir para o Uruguai nos próximos dias. Pesquisadores de SC simulam trajetória de nuvem de gafanhotos que está na Argentina Epagri-SC/Divulgação Dois pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) fizeram uma simulação da trajetória da nuvem de gafanhotos, que está na Argentina, poderá percorrer nos próximos três dias. Conforme os resultados divulgados nesta sexta-feira (26), os insetos da espécie Schistocerca cancellata devem seguir para o Uruguai. Porém, os cálculos precisam ser feitos diariamente, ressalta a instituição. Nuvem de gafanhotos: que se sabe até agora A espécie pode se alimentar de cerca de 400 diferentes espécies vegetais, especialmente gramíneas e tem ocorrência descrita naturalmente no Brasil, incluindo Santa Catarina, afirmam os pesquisadores. O mapa desenvolvido pela Epagri mostra que tendência é que a nuvem de gafanhotos vá para o território uruguaio nos próximos dias. Dependendo da altura de voo do inseto, que pode variar entre 50, 100 ou 200 metros do nível do solo, e das condições climáticas deste período do ano, a nuvem poderá alcançar 250 km, 300 km ou 450 km, respectivamente. Gafanhotos que estão na Argentina podem destruir plantações inteiras Reprodução/G1 O estudo foi feito por Kleber Trabaquini, doutor em sensoriamento remoto, e Marcelo Mendes de Haro, doutor em entomologia. Eles usaram os modelos Noaa Hysplit — que considerou comportamentos de voos dos gafanhotos e medidas climáticas da região — e Global Forecast System (GFS), com base em variáveis de pressão atmosférica, direção e velocidade do vento, com uma precisão de 25km. Conforme a Epagri, os parâmetros de entrada utilizados foram relacionados ao comportamento de voo dos insetos, como a altitude que podem atingir e o horário em que normalmente decolam e pousas. Para as variáveis ambientais, foram consideradas as coordenadas geográficas iniciais da população – neste caso, a localização de Corrientes, na Argentina. Na simulação de um voo de 50 e 100 metros acima do nível do solo, mais comum para estes insetos, os resultados demonstram que eles poderão chegar até o Departamento de Rivera, localizada no Norte uruguaio, em até três dias. Na simulação feita com 200 metros acima do nível do solo, os insetos podem ir até o Departamento de Cerro Largo, no Nordeste do Uruguai. Os pesquisadores ressaltam que o modelo climático GFS é atualizado diariamente, o que pode alterar os resultados da simulação. Por isso, é preciso calcular todos os dias para uma previsão mais precisa da trajetória do inseto. Blindagem climática e características A Epagri diz que a previsão de uma frente fria acompanhada de queda de temperatura no estado não favorece o deslocamento dos insetos ao estado. Esses gafanhotos normalmente têm hábito solitário, mas sob condições favoráveis podem começar a se juntar, e migrar, formando nuvens. Segundo a Epagri, alguns estudos inconclusivos indicam que quando há condições de clima e de alimentação favoráveis, os insetos podem gerar até três gerações em um ano, uma a mais do que o usal. Esse aumento faz com que eles busquem novos nichos ecológicos para alimentação, ocorrendo a nuvem migratória, explica a Epagri. Veja mais notícias do estado no G1 SC