A Renner deve liderar o movimento de consolidação do mercado e pode chegar a 10% de participação até 2025 (Renner/Divulgação)
As ações das companhias de varejo de moda estão se recuperando depois do grande tombo que sofreram no início da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Apesar disso, o HSBC recomenda cautela com o otimismo, já que a recuperação deve ser dura.
“Estamos céticos quanto ao ritmo de recuperação, especialmente nas lojas físicas”, diz o banco em relatório. Grande parte das lojas ficou fechada por três meses e, na retomada, o ambiente competitivo deve ser bem mais agressivo. “É provável que vejamos um ambiente de competição feroz nos próximos seis meses, com preço pressionado e, portanto, margens erodidas”, escreve.
De acordo com dados do IBGE, as vendas para o varejo de moda, calçados e acessórios, incluindo comércio eletrônico, caíram 75% em abril em relação ao ano passado. Em março, a queda foi de 40%. No ano, as vendas no varejo de moda devem sofrer queda de 23%, segundo previsão do HSBC. Os gastos de 558 reais por pessoa, em 2019, não devem voltar a esses níveis até 2022, por causa da lenta recuperação econômica.
Nesse cenário, a Arezzo é a ação preferida do banco. A rede tem uma relação de 19 vezes entre o preço das ações e o lucro esperado para 2021, uma métrica usada no mercado financeiro para avaliar a valorização das empresas, e espaço para crescer. O banco mantém a visão positiva de compra para Marisa, reduziu a Renner para uma visão neutra e reduziu Guararapes e C&A para posição de venda.
O preço das ações da Arezzo está em quase 48 reais hoje, dia 25, e o HSBC estima que podem chegar a 54 reais. Já na Renner, o preço de 40,87 reais deve chegar a 42. Na C&A, as ações a 10 reais têm como alvo esse mesmo valor e na Guararapes, a redução é ainda menor, de 17,95 reais para preço alvo de 14 reais.
Com a relação entre preço da ação e lucro para 2021 em 30 vezes, o banco acredita que a Renner já está fortemente valorizada. Como as despesas foram fortemente controladas, a Renner também deverá ter as maiores margens Ebitda do setor, seguida pela Guararapes, C&A e Marisa.
As empresas devem se recuperar de maneira diferente com a reabertura da economia. A Marisa, por exemplo, está menos exposta a shopping centers do que a Guararapes, dona da Riachuelo, e Renner. Por serem ambientes fechados, os shoppings demoram mais a reabrir e, quando abertos, podem ter um fluxo menor de visitantes, já que os consumidores se mantêm preocupados com a contaminação pelo coronavírus.
A crise pode ser uma oportunidade de consolidação de mercado. As cinco maiores empresas têm uma participação de apenas 20%, perdendo para pequenas redes regionais. Com a crise, sobrevivem as empresas mais fortes e mais capitalizadas, com dinheiro em caixa.
A Renner deve liderar esse movimento de consolidação, na visão do banco. Até 2025, ela deve ganhar 2,4 pontos de participação e se consolidar como líder com 10% do mercado. C&A e Riachuelo, segunda e terceira maiores varejistas, também devem ganhar terreno.
A Pernambucanas, na visão do banco, deve ser a empresa entre as grandes que mais perderá mercado, com redução de meio ponto percentual nos próximos cinco anos, chegando a 2%. Empresas menores devem perder 4,2 pontos de mercado.