Oitenta e dois dias depois da quarentena, o comércio da maior cidade do país voltou a abrir. O consumidor saiu de casa e foi às compras, mas as vendas ainda estão baixas. Lojistas tentam se adaptar às novas regras de funcionamento do comércio em SP
O comércio de rua e shoppings de São Paulo voltaram a funcionar. O Pequenas Empresas & Grandes Negócios ouviu lojistas, consumidores e um infectologista para saber: essa retomada vai ajudar o caixa das empresas e dar segurança para o consumidor voltar às compras?
Oitenta e dois dias depois da quarentena, o comércio da maior cidade do país voltou a abrir. O consumidor saiu de casa e foi às compras.
Para reabrir, o comércio precisa restringir o acesso a 20% da capacidade e adotar medidas rígidas de higiene e segurança. Em uma loja de calçados, na Zona Norte da cidade, por exemplo, só podem entrar quatro clientes por vez e o tapete é higienizado a cada duas horas. Tem também medição de temperatura, álcool gel logo na entrada do estabelecimento e, se o cliente esquecer a máscara, a loja disponibiliza.
“Não estamos visando lucro nesse momento. O importante para nós é pagar despesas”, afirma o empresário Vagner Mazzali.
As ruas do Brás, importante centro de comércio popular em São Paulo, voltaram a ficar lotadas. Há filas de consumidores esperando para entrar. Mas as vendas ainda estão longe da normalidade.
“É um processo gradativo. Estamos retomando com cautela. Tem redução de horário e pessoas e acaba impactando no faturamento. Acredito que em torno de 40% a gente está conseguindo vender”, conta o gerente de loja, Fábio Gualberto.
“É uma retomada gradual, lenta. A gente sabe que ainda leva tempo pra voltar o movimento, se é que vai voltar”, diz o empresário Jean Makdissi.
O horário de funcionamento foi restrito a quatro horas e está escalonado por setor: shoppings grandes abrem das 16h às 20h, shoppings populares das 6h às 10h e lojas de ruas das 11h às 15h.
“Nesse momento precisamos retomar a economia pra evitar demissões evitar fechamento dos negócios”, diz Jean. “Inicialmente é complicado trabalhar apenas quatro horas, mas como ficamos mais de 80 dias parados, é uma retomada. Temos que pensar no tanto de mortes que teve. Tem que ter cuidado pra não ter novo ciclo de pandemia”, completa Fábio.
De acordo com a Fecomercio SP, o comércio da cidade de São Paulo acumulou prejuízo de R$ 17 bilhões no período em que as lojas ficaram fechadas. Para recuperar o faturamento, empresários da região da Rua 25 de Março defendem o funcionamento das lojas em um período maior do que quatro horas.
“Pra ser sincero, nem se compara ao nosso cotidiano normal. Essas quatro horas de abertura não suprem a necessidade da loja. Tô vendendo 70% a menos”, diz o gerente Bruno Barbosa.
“Não tá pagando nem funcionário, nem despesa, aluguel. A gente vai ver o que faz. Agora que abre quatro horas, a dona do prédio já quer aluguel inteiro. Com os funcionários, aumenta despesa. Tá bem difícil, tinha que voltar o normal logo pra sair a muvuca que está aqui”, opina o empresário Rogério Mateus dos Santos.
Para a médica infectologista Raquel Muarrek, independente do horário de funcionamento, o mais importante agora é evitar aglomerações: “Se tiver fila pra entrar, não vá. Acredito que não precisa ter horários restritos, precisa ter quantidade de número de pessoas por cada horário, pra que as coisas possam funcionar e não vire uma loucura e uma coisa sem controle. Se não, vamos voltar à estaca zero e necessitar de quarentena”.
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