Envolvidos em brigas da semana ganharam números nas redes sociais. Especialistas dizem que conflitos chamam a atenção de marcas, mas também podem prejudicar carreiras. Ludmilla e Anitta Leo Franco / AgNews Em um vídeo com direito a trilha e narração, Ludmilla revelou nesta semana uma treta antiga com Anitta. E o resultado foi uma explosão de buscas por sua nova música. “Cobra venenosa” tem lançamento marcado para o próximo dia 3, mas já teve um trechinho divulgado pela cantora. A letra remete ao caso: “Cobra invejosa / Não sai do lugar / Fica me difamando pra poder me atrapalhar.” ANÁLISE: Briga de Ludmilla com Anitta chega ao disco e fortalece o machismo inimigo Ludmilla faz desabafo sobre Anitta, expõe áudios da cantora e diz que "quer distância" “Alguns artistas aproveitam momentos como esse para anunciar um projeto, uma música, por exemplo. Outros preferem se resguardar”, diz Caroline Steinhorst, uma das responsáveis pela agência que cuida da estratégia digital de Ludmilla. A empresária não revela se o bafafá foi premeditado para favorecer o lançamento, mas admite: “No caso da Lud, a música tem tudo a ver [com a situação]. É uma coisa que com certeza vai trazer mais visibilidade.” Ludmilla vs. Anitta Após a revelação da briga, na segunda-feira (15), a procura pelo nome de Ludmilla no YouTube – que leva às suas outras músicas – mais que dobrou, até atingir um pico na terça (16). No Instagram, ela ganhou mais de 100 mil novos seguidores. Mesmo Anitta, que não se posicionou diretamente sobre o caso, teve um aumento de 102% no volume de buscas na plataforma de vídeos. Mas no Instagram o saldo foi negativo: 66 mil seguidores a menos. Caroline explica que o reflexo das tretas no valor de mercado de artistas, na maioria das vezes, depende da natureza do atrito. “Se a briga entra em algum tema mais delicado – preconceito, racismo, por exemplo – o artista acaba saindo prejudicado, perdendo contratos.” Initial plugin text Mas, em casos como o de Ludmilla, o efeito é o contrário, segundo ela. “O público escolhe um lado, é claro que tem a porcentagem de haters. Mas o artista ganha tanta visibilidade que as marcas querem colar, elas se aproveitam disso.” “Em brigas entre nomes muito grandes, as bases de fãs se juntam aos curiosos, que querem entender o que está acontecendo. E isso atrai o olhar das empresas”, acrescenta Bruno Trindade, também responsável pela agência. Anavitória vs. Tiago Iorc Anavitória e Tiago Iorc fazem show juntos Divulgação Um caso com reflexos parecidos envolveu a dupla Anavitória e o cantor Tiago Iorc, também nos últimos dias. Os três, que já foram parceiros musicais, revelaram uma disputa pelos direitos autorais da música “Trevo (Tu)”, criada em parceria entre Ana Caetano e Tiago e lançada em 2016. O empresário da dupla contou ao G1 que os ex-amigos não se falam há dois anos. Mas o trabalho que gravaram juntos continua rendendo frutos. A divulgação da briga também fez a procura pela música dobrar no YouTube. Whindersson Nunes vs. Carlinhos Maia Mesmo que os números de engajamento aumentem, Alex Monteiro, sócio de uma agência de influenciadores, acredita que tretas são sempre negativas para a imagem dos envolvidos. Ele viu de perto a briga entre Whindersson Nunes e Carlinhos Maia, em maio do ano passado. Na época, os dois tinham carreiras administradas por sua empesa. Carlinhos Maia, Whindersson Nunes e Tirulipa na série 'Os Roni' Divulgação/Multishow Segundo Monteiro, ambos foram prejudicados financeiramente pelo conflito. “Se uma marca vai trabalhar com uma pessoa que tem reações desmedidas, a qualquer momento isso pode respingar na empresa.” “Ainda que 50% do público fique de cada lado da briga, uma marca não quer essa polarização. Ela quer o máximo de penetração. Por isso, há casos de empresas que patrocinam um time e também seu rival.” Fabiano de Abreu, assessor de imprensa e nome procurado por pessoas interessadas em ganhar fama na internet, diz que as celebridades devem ficar atentas à fragilidade dos números alcançados com esse tipo de conflito. “Esse aumento nos acessos não é por admiração ao artista, mas por curiosidade, porque o assunto está badalado.” Há ainda o risco do público se sentir enganado, alerta Monteiro. “Quando você envolve o público numa discussão e depois revela que aquilo era uma estratégia de marketing, ele acaba se sentindo usado.” Fãs de Whindersson vs. Fãs de Luísa Sonza Ele cita como exemplo o debate envolvendo Whindersson, sua ex-mulher, Luísa Sonza, e o cantor Vitão. Após a separação do casal, posts nas redes sociais fizeram circular boatos de que Luísa havia engatado um romance com Vitão. Mas o mistério serviu para promover a música “Flores”, parceria entre os dois. Quando a faixa foi lançada, fãs dos três já estavam se digladiando nas redes sociais, em um embate com toques de machismo. Casamento de Whindersson Nunes e Luísa Sonza Twitter/@matmazzafera/Reprodução Whindersson defendeu a ex, mas o vídeo da música acabou sendo alvo de uma campanha de haters e recebeu uma enxurrada de “deslikes” no YouTube – já são mais de 4 milhões. Por outro lado, com a ajuda do marketing gerado pela treta, o número de visualizações do clipe passou de 30 milhões em menos de uma semana e a música já é a segunda mais ouvida do país no Spotify. Ao menos para Vitão, agora tudo são flores. A estratégia digital dele é administrada pela mesma agência que cuida das redes de Ludmilla. Os sócios da empresa reconhecem: o cantor só ganhou com a briga. O cantor Vitão Divulgação “A discussão trouxe um público novo, que está conhecendo outras músicas dele”, explica Trindade. Após o lançamento da parceria com Luísa, o canal do cantor no YouTube alcançou seu pico histórico de visualizações.