Indústria de transformação encolheu nos dez anos encerrados em 2018, mas permaneceu como predominante do setor. Número de pessoas ocupadas na indústria geral teve queda de 2,3% na década. Aumento da produção de petróleo contribuiu para o ganho de participação da indústria extrativa Daniel Silveira/G1 A indústria extrativa ganhou mais relevância na produção industrial brasileira até 2018. Em dez anos, ela aumentou sua participação no setor em 5,1 pontos percentuais (p.p.) em detrimento da indústria de transformação, que encolheu na mesma proporção. É o que aponta a Pesquisa Industrial Anual (PIA), divulgada nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são de 2018, quando a participação da indústria extrativa na geração de valor para o setor industrial brasileiro atingiu sua máxima histórica, de 14,7%. Em 2009, sua participação era de apenas 9,6%. A indústria de transformação, no entanto, permaneceu como a predominante no setor, mas teve sua participação reduzida de 90,4% para 85,3% na década. Com pandemia, produção industrial tem tombo recorde de 18,8% em abril, diz IBGE De acordo com o IBGE, as atividades que mais contribuíram para a expansão da indústria extrativa foram as atividades de extração de minerais metálicos e extração de petróleo e gás natural. Estas duas atividades registraram aumento, respectivamente, de 3,9 p.p. e de 3,7 p.p. do valor agregado ao setor. Já a indústria de transformação sofreu impacto negativo da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, que encolheu 3,8 p.p. de sua participação em valor agregado à indústria na década. Em contrapartida, a fabricação de produtos químicos aumentou sua participação em 1,3 p.p. no mesmo período, alterando o ranking de atividades por valor agregado à transformação industrial. A fabricação de produtos alimentícios se manteve no topo do ranking. Em 2018, ela respondeu por 18,3% do valor agregado à transformação industrial, com ganho de 2,6 p.p. em dez anos. Na segunda posição, permaneceu a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis. A terceira posição do ranking foi invertida na comparação com 2009. A fabricação de produtos químicos superou a de veículos automotores, que passou para o quarto lugar em geração de valor. Na quinta posição, permaneceu a atividade de metalurgia. Perda de 180 mil postos de trabalho Em 31 de dezembro de 2018, a indústria brasileira empregava cerca de 7,7 milhões de trabalhadores. Na comparação com 2009, houve queda de 2,3% desse número de pessoal ocupado, o que equivale a aproximadamente 180 mil postos de trabalho fechados na década. De acordo com o IBGE, o fechamento de postos ocorreu nas indústrias de transformação. Isso porque as indústrias extrativas registraram 14,4% de aumento na ocupação em dez anos. Apesar disso, a indústria de transformação permanece responsável pela maior parte do pessoal ocupado na indústria geral. Segundo o IBGE, em 2018, 97,6% de todos os trabalhadores industriais brasileiros estavam ocupados em indústrias de transformação. Salários A pesquisa do IBGE também apontou que houve redução do salário mensal recebido na indústria nesses dez anos, de uma média de 3,5 salários mínimos para 3,2 salários mínimos. No mesmo período, ocorreu uma redução de 0,6 salário nas indústrias extrativas (de 5,4 s.m. para 4,8 s.m.) e de 0,2 salário nas indústrias de transformação (de 3,4 s.m. para 3,2 s.m.). A Extração de petróleo e gás natural se destaca tanto como segmento de maior nível salarial mensal em 2018 (25,2 s.m.), quanto como o de maior crescimento em relação a 2009 (quando era de 18,6 s.m.), sendo o único setor com aumento do salário médio mensal nas indústrias extrativas. Participação regional De acordo com o IBGE, a Região Sudeste se manteve como líder regional da produção industrial, embora tenha reduzido sua participação em dez anos. Em 2018, ela respondia por 58,3% do valor da transformação industrial, 2,4 p.p. a menos que em 2009. Nem segundo lugar no ranking, se manteve a Região Sul, representando 19% da indústria. Em seguida, ficaram as regiões Nordeste (10,3%), Norte (6,9%) e Centro-Oeste (5,5%). Embora não tenha alterado o ranking, a perda de participação da Região Sudeste favoreceu as regiões Centro-Oeste e Norte, que ampliaram sua participação, respectivamente, em 1,0 p.p e 0,9 p.p. na década. “No primeiro caso, isso pode ter decorrido da substituição de plantas tradicionalmente agroindustriais dedicadas à Fabricação de produtos alimentícios por uma nova fronteira viabilizada pela expansão dos biocombustíveis. O avanço da Região Norte, por sua vez, pode estar associado à valorização dos preços internacionais do minério de ferro nesse período”, destacou o IBGE. O instituto destacou, também, que a redução da participação da Região Sudeste tem relação direta com mudanças de sua própria dinâmica produtiva, uma vez que a indústria paulista, maior parque industrial do país, teve sua participação reduzida em 5,2 p.p. em dez anos. “Esse movimento pode guardar relação com o desempenho de sua indústria automotiva, que recuou cerca de 4,7 p.p. nesse período e saiu da primeira para a quarta posição no ranking daquele Estado”, esclareceu. Em contrapartida, a indústria mineira teve avanço de 2,3 p.p. na mesma década, impulsionada pela extração de minerais metálicos e da metalurgia.