Aos 53 anos, artista multimídia mistura ritmos com poesia no disco 'Luz com trevas'. ♪ Voz da cena alternativa carioca dos anos 1990, Cabelo demorou tanto tempo para apresentar álbum solo que a notícia do lançamento de Luz com trevas pode até soar como boato – nome, aliás, do grupo formado em 1989 na cidade do Rio de Janeiro (RJ) por sete poetas performáticos, sendo um deles Cabelo, nome artístico de Rodrigo Saad. Só que não se trata de fake new. Originário de exposição também intitulada Luz com trevas e inaugurada em 2018, o disco solo de Cabelo está pronto e prestes a chegar ao mundo com nove músicas de autoria deste artista multimídia que transita pelo universo da música, da poesia e das artes plásticas. Produzido por Kassin com Nave, o primeiro álbum solo de Cabelo chega ao mercado fonográfico na quinta-feira, 18 de junho, em edição digital, com capa assinada pelo artista plástico Barrão. Já estão previstas edições do álbum Luz com trevas em CD e LP. Para quem associa Cabelo à banda Boato, cabe atualizar que o artista de origem capixaba – nascido em 1967 em Cachoeiro de Itapemirim (ES), terra natal de Roberto Carlos e Sérgio Sampaio (1947 – 1994), mas criado desde o primeiro ano de idade na cidade do Rio de Janeiro (RJ) – acrescentou Cobra Coral ao nome artístico. Capa do álbum 'Luz com trevas', de Cabelo Cobra Coral Arte de Barrão É como Cabelo Cobra Coral que o artista se (re)apresenta no álbum Luz com trevas aos 53 anos de vida e 31 de carreira. O disco parte da poesia para dar choque de realidade no ouvinte. “Aqui não é Hollywood/ É na real que o bicho pega/ A água que o peixe nada/ É a mesma que bebe a égua”, rima Cabelo na letra da música-título Luz com trevas, composta em parceria com o irmão Leo Saad e com Fabrício Oliveira. Quem ouviu o álbum Abracadabra – lançado em 1998 pelo Boato, grupo de poesia transformado em banda de música a partir de 1993 – vai identificar ecos deste antigo CD no som e na poesia que iluminam Luz com trevas, disco pautado por fusão de rap, funk, samba e batidas afro-brasileiras. Em Ladainha do morto, por exemplo, Cabelo põe rap em poema de Gerardo Mello Mourão. Companheiro de geração de Cabelo e integrante da formação seminal do grupo Boato, Pedro Luís comparece no álbum solo do amigo como parceiro do artista em Raio de amor, música também assinada por Beto Valente. Já o trip-hop Je vous salue Marie traz a voz da cantora Nina Becker. Se A perna da boneca caminha por quebradas cariocas, Vovô vai voltar toma partido do samba em gravação que fecha o álbum Luz com trevas com o toque exímio do violão sete cordas de Rogério Caetano e a percussão de Pretinho da Serrinha. A geografia carioca do repertório autoral do disco deixa claro que Cabelo cresceu no Rio de Janeiro.