Confiança na situação atual e para os próximos seis meses está no campo do pessimismo; 63% dos entrevistados reconhecem rever critérios para contratação após a pandemia. Desemprego Reprodução/NSC TV As incertezas e inseguranças causadas pela pandemia da Covid-19 levaram à queda de confiança de recrutadores e profissionais empregados e desempregados no mercado de trabalho, segundo pesquisa da Robert Half, empresa de recrutamento de cargos de média e alta gerência. O Índice de Confiança Robert Half (ICRH) consolidado para a situação atual caiu de 37,5 pontos para 25,2 pontos, enquanto para a situação futura (próximos seis meses) passou de 56,7 para 44,2, pouco abaixo do campo otimista, que é acima de 50 pontos. Veja abaixo: Confiança dos Profissionais no Mercado de Trabalho, segundo pesquisa da Robert Half Divulgação Brasil lidera redução salarial e de jornada de trabalho na América Latina durante a pandemia, revela estudo A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 26 de maio com 1.161 profissionais, igualmente divididos em três categorias: recrutadores (profissionais responsáveis por recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas); e profissionais qualificados empregados e desempregados (com 25 anos de idade ou mais e formação superior). "Apesar da forte inflexão, mudando a perspectiva futura de otimista para pessimista, em algum momento o mercado irá reaquecer e sairá em vantagem a organização que tiver aproveitado o período de desaceleração para refletir e agir com relação à modernização de processos, produtos e serviços, políticas e estrutura de home office, gestão remota e atração e retenção de talentos, por exemplo", aponta Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half. Veja outros destaques da pesquisa: 63% dos profissionais com poder de decisão sobre o preenchimento de uma vaga dentro da companhia afirmam que, após a pandemia, os critérios para contratação de pessoas na empresa de atuação serão revistos 44% afirmam que em processos 100% online é mais difícil conhecer o profissional por não haver o olho no olho 59% dos empregadores se queixam sobre a dificuldade de encontrar profissionais qualificados no mercado 79% dos empregados e 70% dos desempregados ingressam em um processo seletivo prioritariamente interessados em saber quais são as possibilidades de crescimento oferecidas. Na lista, foram citados outros cinco fatores, na seguinte ordem de prioridade: pacote de benefícios; reputação da empresa; distância entre a casa e o trabalho; flexibilidade de horário; e carga horária 93% afirmaram que atuar como especialistas em projetos com data para início e término, em cargos que vão de analista a diretor, com contratação via CLT, foi uma experiência positiva para o currículo, com ganho de aquisição de experiência (opinião de 63%), contato com ferramentas novas (58%), flexibilidade (55%) e oportunidade de efetivação (49%) "Acredito que, no pós-pandemia, os empregadores estarão mais abertos para novas metodologias e ferramentas de análise de dados que possam auxiliá-los a compreender melhor o perfil do profissional. Porém, no meu entender, a sensibilidade humana ainda vai ser um diferencial importante na identificação de afinidades entre profissionais e vagas", diz Mantovani. Com base em dados da 12ª edição do Índice de Confiança Robert Half e percepções do mercado, Mantovani lista algumas recomendações para empregadores e profissionais: Empregadores Mapeie oportunidades de melhoria Quais processos da companhia foram modernizados ou desburocratizados em virtude do distanciamento social? Em quais pontos é possível otimizar a operação ainda mais? Nesse período, quais foram as evoluções dos membros da equipe como pessoa e profissional? Quais pontos ainda precisam ser desenvolvidos? Quais foram os ganhos de todos em qualidade de vida? Quais paradigmas a empresa quebrou em relação ao trabalho remoto e outras novidades? Ter essas informações em mente será fundamental para traçar novos planos e ganhar em competitividade. Não perca seus talentos Há tempos grande parte dos empregadores se queixa sobre a dificuldade de encontrar profissionais qualificados no mercado. A questão é que, devido a pandemia da Covid-19, empresas de diferentes partes do mundo puderam desfrutar do benefício de contar com a colaboração de um profissional, independentemente da localização física que ele se encontre. Isso quer dizer que qualquer empresa do mundo pode estar de olho nos seus talentos. Cuide para que, ao serem abordados, eles tenham motivos para não deixar a sua companhia. Reavalie o quadro de colaboradores Aproveite o período atual para avaliar a sua equipe e analisar quem são os profissionais-chave na estrutura da empresa e na linha de sucessão. Como você está o plano de retenção desses colaboradores? Quais profissionais têm mantido ou elevado a qualidade das entregas e o comprometimento, apesar das adversidades do mercado? O que sua organização tem feito para atrair e reter a mão de obra qualificada e engajada? Além disso, sempre que abrir uma vaga, verifique se é mais estratégico preenchê-la com um profissional permanente ou temporário. Profissionais Considere a atuação por projetos Há oportunidades interessantes no mercado para profissionais dispostos a atuar como especialistas em projetos com data para início e término, em cargos que vão de analista a diretor, com contratação via CLT. Desemprego entre qualificados é menor Conforme aponta a 12ª edição do ICRH, historicamente, o índice de desemprego entre os profissionais qualificados, aqueles com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa, é significativamente inferior em relação à população geral, mesmo diante do desaquecimento do mercado. No primeiro trimestre de 2020, por exemplo, enquanto a desocupação na população geral era de 12,2%, o universo de qualificados desempregados era de 5,7%. Dessa forma, os profissionais devem aproveitar o período para avaliar se as próprias qualificações técnicas e comportamentais estão alinhadas às expectativas do mercado.