Metade dos shoppings já estão reabertos no país, segundo associação. Veja o que mudou na hora de realizar uma compra e os novos protocolos adotados por grandes redes do varejo. Higienização no Brisamar Shopping, que foi reaberto em Sâo Vicente (SP) Vanessa Rodrigues/Jornal A Tribuna Com o afrouxamento das medidas de distanciamento social e a reabertura de shoppings e do comércio em vários pontos do país, os consumidores estão encontrando novas regras para comprar e um novo protocolo para manusear e escolher um produto. O "novo normal" que está sendo adotado pelo varejo e shoppings inclui provadores de roupas fechados por tempo indeterminado, quarentena para as peças que chegam para trocas, meias descartáveis nas lojas de calçados, higienização de produtos ao término de cada atendimento, fim do self-service em restaurantes, suspensão do consumo de café e doces no interior de lojas, luvas para provar anel e relógio, e muito álcool em gel. Dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostram que metade dos shoppings já reabriram no país. O Brasil já contabiliza 283 shopping centers abertos em 123 cidades de 17 estados, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (8) pela associação que representa o setor. Ao todo, são 577 estabelecimentos desse tipo no Brasil. Lojistas de shoppings têm vendas até 70% menores na reabertura 6 capitais que concentram 45% das mortes por Covid-19 flexibilizam quarentena; especialistas apontam negligência O G1 procurou algumas das maiores redes do comércio para conferir o novo protocolo de atendimento e o que mudou na hora de realizar um compra nos locais em que a reabertura já foi autorizada mesmo em meio ao número ainda crescente de casos de Covid-19 no país. Confira abaixo as principais mudanças e adaptações: Provadores fechados e quarentena para trocas Com os trocadores fechados nas lojas, Riachuelo estendeu prazo para trocas para até 90 dias Divulgação As lojas de vestuário estão reabrindo no país com os provadores fechados por tempo indeterminado. Nas redes Renner e Riachuelo, onde os clientes estavam acostumados a pegar várias roupas nos cabides para experimentar antes de decidir o que compra, o prazo para trocas foi ampliado para até 90 dias, e avisos em cartazes em via sistema de som pedem que os consumidores higienizem as mãos com álcool em gel antes e depois do manuseio dos produtos. "As roupas recolhidas na loja permanecem em uma espécie de quarentena de até 5 dias antes de retornarem para as araras e a loja está sendo higienizada de hora em hora", informou a Riachuelo. As peças levadas pelos clientes para trocas também são colocadas em quarentena, segundo as redes. "As peças que retornam para as lojas são colocadas em quarentena, sendo armazenadas em uma caixa por 72 horas. Após este período, são higienizadas antes de voltarem para a área de vendas”, informou a Renner. Já nas lojas da Arezzo, estão sendo oferecidas meias plásticas descartáveis para os clientes provarem calçados. Nas lojas do grupo Inbrands, dona de marcas como Ellus, Richards e VR, frascos de álcool passaram a ter espaço fixo ao lado das pilhas de roupa. Divulgação Além da regra básica de máscaras obrigatórias e álcool em gel em diferentes pontos, as lojas também têm reforçado as sinalizações de distanciamento nas áreas de caixas. Apesar de todo o reforço nos protocolos de higienização e de distanciamento social para garantir a retomada das atividades, as grandes redes admitem que o fluxo de clientes ainda deverá ser bastante reduzido enquanto o país não vencer a pandemia. "Acredito que uma das grandes mudanças é a venda sem o contato tão próximo com os clientes. Hoje o grande desafio é entender a necessidade e o desejo dos clientes de uma forma diferente, ou seja, mantendo o distanciamento. Isso sem dúvida requer novas habilidades dos nossos vendedores. Vendas através das mídias sociais, iniciativas como drive-thru e delivery com certeza serão uma realidade daqui pra frente, já que espera-se uma redução no fluxo das lojas por conta da pandemia", afirma Lucilene Rezende Scurato, diretora de Recursos Humanos do grupo Inbrands, dono de marcas como Ellus, Richards e VR. Álcool em óculos antes e depois de cada cliente Nas Óticas Carol, os óculos são higienizados antes de serem entregues para o cliente experimentar e novamente antes da reposição na vitrine. Divulgação Nas Óticas Carol, o novo protocolo recomendou a retirada dos tapetes das portas de entrada das lojas e higienização dos produtos e bancadas a cada atendimento. Os óculos e demais aparelhos são higienizados antes de serem entregues para o cliente, e novamente antes de voltarem para a vitrine. Máscaras e luvas também são oferecidas para o uso do pupilômetro. "Antes de oferecer as opções de armações ou solar, o colaborador faz a higienização das mesmas, mesmo que já tenha realizado. E assim que o mesmo devolvê-la, todo o processo de higienização é refeito", explica a rede. Luva para provar anéis e relógios Na Vivara, produtos são higienizados a cada atendimento e luvas descartáveis também são fornecidas para os clientes provarem anéis e relógios Divulgação Na Vivara, além da higienização rigorosa dos produtos manuseados pelo cliente a cada atendimento, estão sendo fornecidas luvas descartáveis para os consumidores provarem anéis e relógios. "Os protocolos adotados pela empresa são ainda mais rígidos. Além do fornecimento dos equipamentos de proteção individual (máscaras e também luvas) aos funcionários, com procedimento de troca a cada 2 horas, também são fornecidas proteções descartáveis para os clientes provarem anéis e relógios", informa a rede. Para ajudar a evitar a formação de filas, as lojas da marca também passaram a adotar o atendimento com horário agendado. Salões, shoppings, comércio e indústrias devem seguir protocolos de reabertura na pandemia Prova de perfumes com restrições Nas lojas da rede O Boticário, os tradicionais papeizinhos de prova de perfume foram tirados das prateleiras. Agora, as fitas olfativas e os aplicadores descartáveis são entregues diretamente pelos vendedores e descartados na sequência. O novo protocolo recomenda ainda que a "experimentação só deve ser realizada caso seja solicitada". Já para os produtos de maquiagem, a alternativa de teste oferecida pela rede é um aplicativo de espelho virtual. Ao entrar na lojas da marca, os clientes também estão sendo orientados a não tocar ou manipular as embalagens das prateleiras. "Todas as embalagens devem ser manipuladas apenas pelo consultor, e após cada utilização, as mesmas deverão ser higienizadas com álcool a 70%", recomenda a cartilha interna da empresa. O material distribuído para os lojistas destaca ainda a importância de transmitir segurança para os clientes com o novo protocolo: "A sua tranquilidade com as novas medidas de saúde é importante para que os clientes se sintam seguros. Explique com naturalidade essas mudanças". Controle do acesso a setores da loja Nas Casas Bahia, a fila no interior da loja para pagamento de carnê está sendo limitada de acordo com o tamanho da unidade e clientes não podem entrar ao mesmo tempo no mesmo setor Divulgação Nas lojas da Casas Bahia reabertas, a entrada de clientes e o número de pessoas no interior a loja tem sido controlado. Dependendo do tamanho da unidade, a fila para pagamento de carnês, por exemplo, tem sido limitada a um máximo de 5 ou 8 pessoas. A rede também tem atendido um cliente por vez em cada um dos setores, de forma que os produtos possam ser higienizados após o atendimento. "Se o cliente tem interesse em ver geladeiras, um outro não pode entrar para ver o mesmo produto, só entrando na loja depois que o outro cliente for atendido", explica a Via Varejo, que administra a marca. Sem self-service e sem cafezinho dentro da loja Nas lojas da rede KFC reabertas em shoppings, painéis de acrílico foram instalados nos caixas para separação dos atendentes e clientes Divulgação No setor de alimentação, além do espaçamento mínimo de 2 metros entre as mesas entre as mesas, o 'novo normal' inclui sinalização de distanciamento, disponibilização de álcool gel para os consumidores, reforço nos serviços para retirada no balcão e mudança nos cardápios. A rede KFC, operado pelo grupo IMC, decidiu adotar o uso de cardápios descartáveis e está instalando painéis de acrílico nos caixas para separação dos atendentes e clientes. Em outros restaurantes do grupo, como Viena e Frango Assado, o tradicional buffet self-service está suspenso por tempo indeterminado e a companhia estuda oferecer opções de pratos à la carte. Já nas docerias, o consumo está vetado no interior das lojas. "No momento não há liberação para serviços. Ou seja, não servimos café e sobremesas para consumo imediato no interior da loja", informou a Cacau Show. Nas lojas administradas pelo grupo CRM (Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau e Lindt), estão sendo oferecidos apenas utensílios descartáveis, e o consumo de alimentos e bebidas só é permitido fora da loja. "Nas lojas que possuem gôndolas com produtos, que antes os clientes escolhiam e colocavam dentro da embalagem, pelas novas regras, os funcionários já devem manter várias embalagens preparadas com gramaturas diferentes para facilitar a aquisição. Caso o cliente faça questão de escolher, ele deverá higienizar as mãos com álcool em gel antes e após pegar o chocolate embalado", informa a empresa.