Cantora lança em setembro disco com repertório inédito voltado para o universo cultural das religiões de matrizes africanas e indígenas. Capa do single 'Senhora negra', de Fabiana Cozza José de Holanda Resenha de single Título: Senhora negra Artista: Fabiana Cozza Compositor: Sérgio Pererê Gravadora: Edição independente da artista Cotação: * * * * * ♪ Em 2017, a cantora paulistana Fabiana Cozza foi a Belo Horizonte (MG), a convite do compositor e multi-instrumentista mineiro Sérgio Pererê, participar do projeto Aparecida – Reinos negros, centrado nas guardas de congado do bairro belo-horizontino de Aparecida. Na ocasião, a cantora gravou para o projeto a canção Senhora negra, de autoria de Pererê. Louvação a Aparecida, santa rainha do povo banto, Senhora negra reaparece três anos depois na voz de Fabiana Cozza, em outra gravação, em single que anuncia o álbum que a cantora lança em setembro com saudações a divindades de religiões de matrizes africanas e indígenas. O single Senhora negra chega ao mercado fonográfico em 19 de junho com capa assinada pelo fotógrafo José de Holanda. Cantada pela intérprete em feitio de oração, com a aura sagrada amplificada pelos toques dos violoncelos de Adriana Holtz e Vana Bock, Senhora negra é a primeira (sublime) amostra e a única música já pré-existente do repertório do álbum, preparado por Fabiana Cozza desde 2019 com músicas inéditas, feitas ou cedidas para a cantora por compositores como Alfredo Del-Penho, Douglas Germano, Giselle de Santi, Luiz Antonio Simas (nome presente nos créditos de três músicas), Moyseis Marques, Nei Lopes, Paulo César Pinheiro, Roque Ferreira e Tiganá Santana. O single inicial sinaliza disco com a grandeza da voz precisa de Cozza. A alta carga de espiritualidade da gravação de Senhora negra – vinda tanto do canto sagrado de Fabiana Cozza quanto do arranjo do compositor e baixista Fi Maróstica – é potencializada pelo clipe da faixa, produzido a partir de ação coletiva de amigos da cantora que, atendendo solicitação da artista, mandaram pequenos vídeos feitos durante o isolamento social com imagens que ilustram a fé de cada participante. O clipe será lançado simultaneamente com o single Senhora negra. Até o lançamento do álbum em setembro, Cozza planeja lançar mais dois singles, um em julho e outro em agosto. “Esse trabalho é uma defesa – musical, política, cidadã e cultural – do que destaco como cultura matricial, lugar de berço, do muito produzido e estruturado no Brasil. Muito me atrai (e veste) a leitura de um Brasil a partir do que Luiz Antonio Simas chama de 'cultura de frestas'. Esta que não é tida como oficial e que ainda é taxada por muitos como exótica. Somos constituídos a partir dessas encruzilhadas encantadas (ou não) – matrizes com berço nos terreiros de candomblé, umbanda, jurema e catimbó espalhados Brasil adentro e que, de forma ímpar e crucial, explicam o que entendo por Brasil real, de carne e osso. O disco canta e defende esta vida, estas forças, estas rezas, estas mães, pais e filhos de santo dos terreiros que têm sofrido com o terrorismo religioso”, contextualiza Fabiana Cozza. Gravado pela cantora desde outubro de 2019, o álbum foi gestado com o título Dos Santos, expressão que alude tanto ao conteúdo religioso do repertório quanto ao sobrenome da cantora, nascida Fabiana Cozza dos Santos em janeiro de 1976 e convertida ao candomblé, religião escolhida pela artista para o exercício de fé sincrética, professada de forma emocionante pela intérprete no canto de Senhora negra.