Rubem Novaes participou de audiência da comissão do Congresso que discute ações de combate à crise da Covid-19. Ele disse ainda que defende a privatização do Banco do Brasil. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, disse nesta segunda-feira (8) que é impossível suprir o aumento “brutal” da demanda das empresas por crédito durante a pandemia do novo coronavírus.
Novaes participou nesta segunda de uma reunião da comissão mista do Congresso que discute ações de combate à crise causada pela pandemia.
“O aumento que houve da demanda por crédito neste momento foi brutal. É impossível atender a toda essa demanda. Não há programa de governo que vá resolver isso”, afirmou Novaes.
Ele disse ainda que não se trata de uma demanda "saudável", mas sim de uma "demanda dos desesperados".
“O momento da demanda é incrível. E não é uma demanda saudável. É uma demanda dos desesperados. Não é a demanda para produzir uma demanda para vender, para investir, é a demanda dos desesperados. A gente procura atenuar", disse o presidente do BB.
Ele disse que o governo tenta “atenuar” a situação. Mas, segundo Novaes, as ações têm um limnte, porque as contas públicas estão comprometidas.
“Enquanto a economia não puder voltar a funcionar e os empresários tiverem condições de lutar pela sua sobrevivência, por meios próprios, nós vamos ter essa sensação de insuficiência de socorro”, disse Novaes.
“As contas públicas já estão totalmente comprometidas a nível estadual, municipal e federal. Não adianta achar que essa insuficiência e esse 'gap' vão ser atendidos. Não vão. Só quando a economia voltar a funcionar” , declarou.
Novaes afirmou ainda que o Banco do Brasil trabalha dentro dos limites e que é preciso considerar o volume de riscos e o capital que a instituição pode comprometer.
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Microempresas
Durante a audiência, Novaes foi questionado sobre o socorro a microempresas no período da pandemia. De acordo com o presidente do BB, "é muito difícil" atingir o microempresário.
Ele destacou que o custo de servir o pequenos empresários "geralmente não compensam para o sistema bancário".
"Realmente esse é o velho problema do sistema financeiro brasileiro. É muito difícil atingir o pequenininho. O custo de servir, o custo de atingir o pequenininha geralmente não compensa para o sistema bancário".
"O banco passa ter outras atividades em que se remunera melhor. O banco é uma instituição que busca rentabilidade. Se tem uma atividade com menos atratividade ele vai usar aquilo que lhe interessa mais fazer. É natural”, afirmou.
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Privatização do BB
Novaes também defendeu a privatização do Banco do Brasil em sua fala aos deputados e senadores nesta segunda.
Segundo ele, o sistema bancário vai mudar a partir do ano que vem e as amarras do setor público vão tirar competitividade do banco em relação às demais insituições.
"O mundo bancário vai mudar radicalmente e as empresas bancárias serão cada vez mais empresas de tecnologia. Bancos serão cada vez mais empresas de tecnologia que correm riscos e prestam serviços bancários", afirmou.
O presidente ressaltou ainda que, apesar de considerar o banco eficiente, a instituição "concorre com os outros bancos com bolas de chumbo amarradas ao pés".
"As decisões aqui são todas demoradas. Tem de passar por TCU, Secom, CGU. Isso nos tira velocidade. Nos tira agilidade", afirmou. Ele defendeu a venda de ações do banco como forma de privatização.
"Hoje o Banco do Brasil já tem 50% das suas ações em mãos privadas. É só vender mais um pouco que vira uma instituição privada. Vamos fazer do BB uma corporation. Muitos sócios", acrescentou.