Queda da concentração no mercado de crédito foi de 1,1 ponto percentual na comparação com 2018. Informações constam no relatório de Economia Bancária divulgado nesta quinta (4). Os cinco maiores conglomerados bancários do país (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) encerraram 2019 com 83,7% do mercado de crédito e com 83,4% dos depósitos totais. As informações foram divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira (4).
Os cálculos englobam bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas. Os dados estão no Relatório de Estabilidade Financeira do ano passado.
Segundo o Banco Central, houve pequena queda em relação à concentração bancária registrada no fechamento de 2018, quando essas instituições financeiras detinham 84,8% de todas as operações de crédito e 83,8% dos depósitos bancários.
No relatório, o BC avaliou que os indicadores de concorrência mantiveram "tendência de queda" iniciada em meados de 2017, sinalizando um "ambiente de aumento da competição bancária e redução de custos de crédito e de outros serviços financeiros".
"É importante também ressaltar que, nos doze meses encerrados em dezembro de 2019, houve redução do custo médio de captação, acompanhada de redução dos preços das novas operações de concessão de crédito, notadamente nas operações com pessoas jurídicas", acrescentou.
Juros e 'spread' bancários
Dados do BC revelam que os bancos reduziram sua taxa média de juros nas operações com recursos livres (sem contar habitacional, BNDES e rural) em 1,6 ponto percentual no ano passado. No fim de 2018, a taxa média estava em 35,6% ao ano, recuando para 34% ao ano em dezembro de 2019.
No caso dos empréstimos para pessoas físicas, a taxa caiu também 1,6 ponto percentual (de 48,9% ao ano, no fim de 2018, para 47,3% ao ano, em dezembro do ano passado).
A redução mostra que os bancos não repassaram a queda total da taxa Selic do último ano.
A taxa básica de juros da economia brasileira estava em 6,5% ao ano no fim de 2018, passando para 4,5% ao ano no fechamento de 2019 – uma queda de dois pontos percentuais. A Selic é fixada pelo BC com base no regime de metas de inflação.
Sem repassar toda a queda na taxa de juros, o chamado "spread" bancário (diferença entre quanto bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes) médio de todas as operações com recursos livres registrou aumento no ano passado.
No fim de 2018, o spread estava em 27,8 pontos percentuais, avançando para 28,5 pontos percentuais no fechamento de 2019, uma alta de 0,7 ponto percentual.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros. O "spread" bancário brasileiro é considerado alto para padrões internacionais.
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