Companhia aérea com base em Ribeirão Preto (SP) volta a operar 13 dos 47 destinos em julho, com adoção de protocolos sanitários para recomeço. 'Estamos cautelosos, mas é preciso ter arrojo nesse ciclo de retomada', diz presidente. A Voepass, antiga Passaredo, anunciou a retomada dos voos a partir de 3 de julho. A companhia aérea com sede em Ribeirão Preto (SP) está com as atividades suspensas em 10 estados desde 23 de março, devido ao avanço do novo coronavírus. De acordo com o presidente da empresa José Luiz Felício Filho, o retorno será gradual, iniciando com 13 dos 47 destinos operados até meados de março, antes da pandemia chegar ao Brasil. Felício Filho, que foi contaminado com a Covid-19 e passou 21 dias hospitalizado e 16 entubado por causa da doença, diz que está recuperado e que chegou o momento de também "desentubar" a companhia. "Eu dormi em um mundo e acordei em outro. Dentro do nosso setor, da indústria da aviação, a gente a chegou no fundo do poço. Agora estamos começando a nos reerguer, mas é algo novo para todo mundo. Estamos cautelosos, mas é preciso ter um pouco de arrojo nesse ciclo de retomada. Nossa estimativa é retomar com algo perto de 10% daquilo que nós éramos", diz. José Luiz Felício Filho, presidente da Voepass, empresa aérea de Ribeirão Preto (SP) Divulgação/Voepass Segundo o presidente, a comercialização de passagens na primeira quinzena de março chegou próximo de zero e houve um crescimento substancial no número de cancelamentos. A companhia aérea precisou recorrer a acordos salariais, jornadas reduzidas e férias coletivas para manter os empregados. "Estou na companhia desde o início, há 25 anos, e nunca vi algo nem parecido na história nossa da aviação, mas sabemos que isso vai passar, aí temos que ter um pouco de fé, um pouco de otimismo e voltar a trabalhar". Para a retomada das atividades, Felício Filho explica que linhas de apoio estão sendo discutidas junto ao governo federal e ao BNDES, que caso sejam concretizadas, permitirão retorno de forma integral. Protocolos sanitários Para a retomada dos voos, o presidente da companhia aérea explica que uma série de protocolos sanitários foram adotados junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como medidas especiais de limpeza e sanitização das aeronaves, com desinfetantes de padrão hospitalar para cabine dos pilotos, poltronas, banheiros, saídas de ar condicionado e botões de acionamento de luzes. Voepass, em Ribeirão Preto (SP), anuncia retomada dos voos após três meses de paralisação Divulgação/Voepass "A gente aumentou nosso tempo de solo para podermos adotar em cada pouso e decolagem esses protocolos de esterilização. No período da noite, a gente passa a ter uma limpeza mais profunda", explica. Além das medidas de desinfecção, os funcionários e passageiros serão obrigados a usar máscara desde a chegada ao aeroporto e durante os voos. O serviço de bordo também foi temporariamente suspenso durante as viagens. Ainda de acordo com Felício Filho, a empresa adotará o embarque e desembarque setorial, para evitar a aglomeração de pessoas no corredor. "Estamos voltando dentro de um processo em que ainda existe uma pandemia. Com esses protocolos de biossegurança, a gente consegue ter a certeza de que toda essa questão da Covid-19 está sendo bem cuidada", diz. Com o retorno das operações, a empresa também anunciou um aplicativo gratuito para facilitar os procedimentos de embarque dos clientes, onde é será possível fazer o check-in e gerar um cartão de embarque eletrônico. Rotas Segundo o presidente da companhia aérea, as rotas previstas para retomada a partir de 3 de julho foram pensadas levando em consideração a dificuldade de deslocamento e tem como intenção conectar interior aos grandes centros. Os 13 destinos estão localizados na região Sudeste e Norte do Brasil. No Sudeste, a Voepass volta a operar as rotas Ribeirão Preto, São Paulo (Aeroporto de Guarulhos) e Rio de Janeiro (Aeroporto Santos Dumont). Pista do Aeroporto Leite Lopes em Ribeirão Preto, SP Reprodução/EPTV Ainda de acordo com Felício Filho, a empresa voltará a operar 10 trechos no norte do país, ligando Manaus a Parintins, São Gabriel da Cachoeira, Eirunepé, Carauari, Coari e Lábrea, no estado do Amazonas, além de Itaituba, Belém e Altamira, no estado do Pará. "É uma região que tem uma complicação de transporte, ou é avião ou barco. De fato, a região norte está isolada, ainda mais com a baixa das águas tem viagens que chegam a demorar duas semanas de barco. Nosso papel como regional é poder fazer essa capilaridade". "Isso tudo vai intensificar nosso turismo nacional. As pessoas vão voltar a viajar, a voar para ver seus familiares, fazer negócio, tudo é uma questão de tempo. O que nós precisamos fazer agora é dar essa tranquilidade para os funcionários e clientes para poderem voltarem a voar", explica. Initial plugin text Veja mais notícias da região no G1 Ribeirão Preto e Franca