Medida ocorre em meio a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Objetivo é dar referência ao setor privado sobre taxas de juros cobradas em operações. A Secretaria do Tesouro Nacional informou nesta quarta-feira (3) que concedeu mandato para a emissão de títulos da dívida externa com vencimento em 2025 e 2030, ou seja, com prazo de cinco e dez anos. O resultado da operação será divulgado no final desta tarde.
A captação de recursos no mercado externo acontece em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus, mas também em um momento de trégua nas tensões financeiras.
O dólar opera em queda nesta quarta, dando continuidade ao movimento da véspera, quando registrou a maior queda diária em quase 2 anos. A desvalorização do dólar ocorre devido ao otimismo em relação a uma recuperação econômica global, embora tensões políticas locais e internacionais sigam no radar dos mercados.
Já a Bolsa de Valores brasileira vem registrando seguidas altas nos últimos dias. Na terça, a alta foi de 2,74%.
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"O objetivo da operação é dar continuidade à estratégia do Tesouro Nacional de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo, e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira", informou o Tesouro Nacional.
A estratégia do Tesouro Nacional, porém, foi de lançar títulos com prazo mais curto. Essa será a primeira emissão de títulos da dívida externa com vencimento em cinco anos desde junho de 2004. Esse prazo, para captações no exterior, é considerado curto.
Quando o mercado está tenso, os prazos das emissões, tanto no mercado interno quanto externo, ficam menores – de modo a facilitar a operação.
Ao mesmo tempo, a instituição também está emitindo um título de dez anos de vencimento como alternativa para os investidores.
Em ambos os casos, as emissões servirão de referência para o setor privado realizar operações semelhantes, pois servirão de referência em termos de taxas de juros.
Captações externas
Os investidores que compram esses papéis da dívida pública pagam em dólar ou outras moedas, como euro, e até em reais. Na data do chamado resgate, eles recebem de volta o valor pago ao governo brasileiro. Além disso, o Brasil paga juros a esses investidores, a cada seis meses ou um ano, dependendo do contrato.
O lançamento de bônus no mercado externo funciona como um leilão: os investidores fazem suas propostas de taxa de juros e quantidade de títulos que desejam receber, e o Tesouro aceita ou não. As ofertas são feitas aos bancos contratados pelo Tesouro Nacional para liderar a operação.
Busca de recursos no exterior
Os recursos buscados no exterior também poderão ajudar o Tesouro Nacional a pagar os gastos com as políticas de combate ao novo coronavírus.
Recentemente, a instituição informou que está buscando empréstimos junto a organismos multilaterais no exterior para pagar o auxílio emergencial de R$ 600; o programa de manutenção do emprego e renda; o seguro-desemprego e o Bolsa Família.
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O objetivo em buscar esses empréstimos com instituições internacionais, informou o órgão na semana passada, seria economizar, visto que essas operações teriam juros mais baixos do que os cobrados por instituições financeiras, fundos de investimento e de previdência na compra de títulos no mercado interno.
As emissões de títulos da dívida externa, por sua vez, também costumam ser mais baratas do que as emissões de papeis no mercado interno. Em abril, o custo médio da dívida interna foi de 6,28% ao ano. Já na última emissão de títulos da dívida externa, com prazo de dez anos, os juros pagos aos investidores somaram 3,8% ao ano. Essa operação aconteceu em novembro do ano passado.