Em entrevista ao G1, baterista filho de fundador da banda de reggae fala sobre ‘One world, one prayer’, legado familiar e futuro. Kevin Barrett, Emilio Estefan, Aiesha Walker, Aston 'Family Man' Barrett e Aston Barrett Jr., dos Wailers, em gravação de 'One world, one Prayer' Divulgação A banda The Wailers, que fez história no reggae ao tocar com Bob Marley (1945-1981) entre 1972 e 1981, volta a olhar para o futuro com a estreia de sua primeira música em 25 anos. Lançada em 22 de abril, "One world, one prayer" é o retorno do lendário grupo a produções inéditas, depois de anos cuidando de seu legado junto do cantor. Os Wailers tiveram de adiar o show que fariam em março em São Paulo no festival Reggae Live Station por causa da pandemia do novo coronavírus, mas prometem retornar no segundo semestre. "Agora com o vírus, todos no mundo têm que se unir. Ninguém está em uma categoria diferente. Todos temos que nos unir. Se fosse uma invasão alienígena, a gente se uniria para lutar", conta ao G1 o baterista Aston Barrett Jr., de seu apartamento em Miami, nos Estados Unidos. "Só estamos pregando o que sempre pregamos. ‘Amor, paz e união’. E nossa mensagem hoje é para fiquem firmes. Temos que ser muito mais espirituais nessa época." Legado familiar Filho do baixista Aston "Family Man" Barrett e sobrinho do baterista Carlton Barrett (1950-1987), dois dos membros originais que tocavam com Marley, o músico assume a posição de líder do grupo, já que o pai, ainda na banda, está com 73 anos. Ele ainda é acompanhado por músicos que tocaram com Marley, como o guitarrista Donald Kinsey e o saxofonista Glen DaCosta, e outros com longa história no reggae, como o vocalista Josh David e o guitarrista Owen "Dreadie" Reid. "O Bob tem seus filhos e seu legado vive através deles, e eu represento o legado do meu tio e do meu pai", conta Barrett Jr. "Eles são maravilhosos. Cresci com eles. Aprendi tanto do meu pai, e aprendi muito dos segredos do som dos Wailers. E onde for que eu ensine o som, eu ensino pelo que é certo." Por isso que o baterista foi atrás de Cedella e de Skip Marley, filha e neto do cantor, para participar da gravação. The Wailers no Festival de verão Salvador, em 2014 Divulgação Sempre atuais Além deles, cantam também o porto-riquenho Farruko e o astro jamaicano Shaggy. "O som de Bob Marley e dos Wailers não tem categoria, não é velho e nem novo. Até hoje tentam imitar isso. Meu pai me disse que ele e o Bob sempre se mantinham atualizados, tanto em música quanto em tecnologia", diz o baterista. Essa mentalidade casou bem com a proposta da canção, escrita pelo produtor Emilio Estefan. "Se você ouvir a música, vai ver que vai além do reggae. Tem aquela pegada de outros ritmos do caribe e latinos. E eu sempre quis ter a participação de todos os Marley. Mas, antes de ter eles, Emilio disse que queria um som jamaicano que não fosse necessariamente aquele raiz", conta Barrett Jr. Com isso, pensaram em nomes como o de Sean Paul e de Shaggy. Por sorte, o cantor de "Boombastic" estava em Nova York na mesma época. Depois de uma ligação, eles estavam no estúdio. "Não apenas pregamos algo, temos que viver o que pregamos. Não somos perfeitos, mas temos que tentar ser perfeitos. Ser um líder é o que temos que tentar, não ser chefes, que sabem apenas mandar. O Emilio é um dos melhores líderes que eu já vi, e ele está me ensinando a fazer esse papel com a banda."