Decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou bloqueio das contas em redes sociais de 17 pessoas. Facebook diz que ainda não foi notificado; Twitter informa que não vai comentar. Inquérito das fake news: veja quem são os investigados e como funcionaria estrutura
Perfis que tiveram determinação de bloqueio exigida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes continuam no ar nesta segunda-feira (1°), cinco dias depois da ordem da Justiça.
O bloqueio de contas em redes sociais é parte do inquérito do STF que apura produção de informações falsas e ameaças à Corte — conhecido como "inquérito das fake news". Na última quarta-feira (27), a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito, que tem Moraes como relator
A Justiça exigiu o bloqueio de 17 contas em redes como Twitter, Instagram e Facebook. Dentre os alvos, estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson; o empresário Luciano Hang, dono da Havan; e os blogueiros Allan dos Santos e Winston Lima (veja a lista completa abaixo). Eles são aliados do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a determinação de Moraes, o bloqueio é “necessário para a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.
Inquérito do STF que investiga fake news: veja perguntas e respostas
Vídeos de blogueiro alvo de inquérito do STF são os mais compartilhados no WhatsApp
Em nota, o Twitter reiterou a posição inicial de que não vai comentar o caso. Já o Facebook, que também é dono do Instagram, afirmou nesta segunda que ainda não foi notificado formalmente pela Justiça.
O G1 procurou o STF por e-mail às 13h30 desta segunda para saber se as redes sociais já haviam sido notificadas para efetivar os bloqueios, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
O G1 apurou que contas no Twitter de dois alvos estavam suspensas na última quarta-feira (27). A primeira, de Reynaldo Bianchi, foi suspensa antes da ordem judicial. A outra é de Marcelo Stachin, que afirmou que teve o perfil suspenso por violar uma regra da rede social. Segundo ele, a suspensão não está relacionada à ordem da Justiça. Ele criou uma nova conta no início de maio.
Moraes também determinou que seja expedido ofício para que as redes sociais preservem conteúdo e publicações dos perfis dos deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG), Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP), e também dos deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP). Eles devem ser ouvidos no inquérito em até 10 dias.
Os alvos da ordem de bloqueio são:
Luciano Hang (SC): empresário, dono da Havan, apoiou Bolsonaro durante a eleição de 2018 e segue aliado do presidente
Roberto Jefferson (RJ): ex-deputado federal preso no Mensalão. Seu partido, o PTB, declarou apoio a Bolsonaro em 2018. Nas redes, tem defendido o presidente e criticado o STF, pedindo que Bolsonaro aposente compulsoriamente os ministros
Allan dos Santos (DF): blogueiro, é apoiador de Bolsonaro e um dos fundadores do site "Terça Livre"
Sara Winter (DF): blogueira. Em uma rede social, se define como "ativista pró-vida e pró-família, analista política e conferencista internacional"
Winston Lima (DF): blogueiro, dono do canal no YouTube "Cafezinho com Pimenta", onde transmite diariamente as falas de Bolsonaro na saída do Palácio do Alvorada. Promove manifestações de apoio ao presidente
Edgard Corona (SP): empresário, dono das redes de academia SmartFit e BioRitmo (SP)
Edson Pires Salomão (SP): assessor parlamentar do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP)
Enzo Leonardo Suzi (SP): youtuber no canal no YouTube "Enzuh" e apoiador do governo Bolsonaro
Marcos Bellizia (SP): um dos líderes do movimento "Nas Ruas", que foi fundado em 2011 por Carla Zambelli, hoje deputada federal. O grupo organizava manifestações populares, em geral contra a corrupção
Otavio Fakhoury (SP): Investidor do setor imobiliário, um dos fundadores do partido Aliança para o Brasil, que está sendo formado em torno de Bolsonaro, e colaborador do site conservador "Crítica Nacional"
Rafael Moreno (SP): blogueiro, ativista do Movimento Brasil Monarquista e membro da Confederação Monárquica do Brasil
Rodrigo Barbosa Ribeiro (SP): assessor parlamentar do deputado Douglas Garcia (PSL) e líder do "Movimento Conservador" em Araraquara
Paulo Gonçalves Bezerra (RJ): empresário
Reynaldo Bianchi Júnior (RJ): humorista, músico e palestrante
Bernardo Kuster (PR): em uma rede social, se define como diretor de opinião do jornal "Brasil Sem Medo". O veículo tem como presidente de seu conselho editorial Olavo de Carvalho, ideólogo do qual Bolsonaro se declarou, em 2019, um admirador
Eduardo Fabris Portella (PR)
Marcelo Stachin (MT): nas redes sociais, é defensor de Bolsonaro e com frequência se manifesta contrário ao STF