Gravação de show feito pela artista baiana com João do Vale em 1977 é recuperada e vira álbum póstumo de discografia espaçada. ♪ OBITUÁRIO – Em 1975, a gravadora Odeon decidiu apostar em Milena (5 de novembro 1942 – 1º de junho de 2020) como cantora de samba quando a maior estrela da companhia fonográfica no gênero, Clara Nunes (1942 – 1983), cogitou migrar para a gravadora concorrente Philips. Só que Clara acabou ficando na Odeon e, com a permanência da cantora mais popular do elenco, a gravadora pouco ou nada investiu em Sorriso aberto, o primeiro álbum de Milena, lançado naquele ano de 1975. Esse fato seria determinante para a descontinuidade da carreira fonográfica de Milena, cantora baiana nascida em Juazeiro (BA) que saiu de cena aos 77 anos na cidade de São Paulo (SP), por volta do meio-dia de segunda-feira 1º de junho, vítima de parada cardíaca decorrente da fibrose pulmonar contra a qual lutava há anos. Milena estreou em disco em 1968 com a edição, pela gravadora Continental. de compacto com versões de duas músicas estrangeiras. Sete anos depois, em 1975, a cantora entrou na Odeon pelas mãos do produtor musical Moacyr Machado (então no posto de diretor de marketing da companhia), após lançar dois compactos pela Chantecler, voltados para o samba. A entrada da artista na Odeon para ocupar o lugar de Clara Nunes seria a grande chance de Milena, cantora projetada em 1970 no programa Mercado Internacional do Talento (MIT), comandado pelo apresentador Flávio Cavalcanti (1923 – 1986) na TV Tupi. Cantora Milena deixa seis álbuns em discografia iniciada em 1968 Divulgação Sem receber a devida atenção na gravadora, Milena saiu da Odeon após compacto editado sem repercussão em 1976. No ano seguinte, Milena foi apadrinhada pelo cantor e compositor maranhense João do Vale (1934 – 1996), com o qual correu o Brasil em show itinerante promovido pela Funarte. Esse show de 1977 legitimou a cantora a lançar, 42 anos mais tarde, o sexto e último álbum da carreira, João do Vale – Muita gente desconhece (2019). Recuperado recentemente em fita, o show de Milena com João do Vale em 1977 vai dar origem a um disco póstumo da cantora, a ser editado pelo mesmo selo Discobertas que, neste ano de 2020, lançou a coletânea Anos 70, com gravações inéditas da artista. A compilação Anos 70 foi arquitetada por Thiago Marques Luiz, produtor que trouxe Milena de volta ao mercado fonográfico em 2008 com a gravação de faixa em disco em tributo ao compositor Paulinho da Viola. Na ocasião, Milena estava afastada do mercado há 21 anos, mais precisamente desde a edição do terceiro álbum, O gosto do amor, produzido por José Milton e lançado pela gravadora 3M em 1987. Oito anos antes, em 1979, a cantora tinha lançado o álbum Milena pela CBS com músicas de Ivone Lara (1922 – 2018), João Bosco e Luiz Gonzaga (1912 – 1989) no repertório arranjado pela violonista Rosinha de Valença (1941 – 2004). Sem gravar disco na década de 1990, a cantora somente conseguiu lançar em 2012 o quarto álbum, Por onde passa a memória, ao qual se seguiu dois anos depois o tributo 100 anos de Aracy de Almeida ( 2014) – ambos discos já gravados por Milena com a chancela do produtor Thiago Marques Luiz,, de quem a artista era amiga e em cujos braços Milena saiu de cena em 1º de junho, deixando discografia espaçada, ainda a ser descoberta por seguidores da MPB.