Dado é de levantamento da FGV-Dapp, que monitora centenas de grupos de debate político. Sequência em vídeo de Allan dos Santos em que Eduardo Bolsonaro defende 'medida enérgica' e fala em 'momento de ruptura' é a mais postada no aplicativo de mensagens e tem mais de 900 mil visualizações. Um levantamento da Diretoria de Análise de Política Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Dapp) mostra que, dos 10 vídeos de YouTube mais compartilhados em grupos políticos do WhatsApp na semana passada, 3 pertencem a um dos alvos do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a divulgação de informações falsas e ameaças à Corte.
Os vídeos pertencem a Allan dos Santos, dono do canal Terça Livre, e dois deles foram produzidos depois que o blogueiro foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e cumprido pela Polícia Federal na última quarta-feira (27).
Moraes também determinou a suspensão das contas de Santos nas redes sociais, para interromper "discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.
Perfis de alvos do inquérito das fake news seguem ativos
No vídeo mais compartilhado, Allan conversa com os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF) e Eduardo Bolsonaro sobre a operação. É nesse vídeo que Eduardo cogita adoção de uma "medida enérgica" pelo pai e fala em "momento de ruptura" – declarações que causaram reação de partidos e entidades.
Esse vídeo conta com mais de 900 mil visualizações no YouTube e foi compartilhado 282 vezes no WhatsApp entre a noite de quarta-feira (27) e as 7h de quinta-feira (28), o que o coloca com o o mais compartilhado em todo o período analisado (de 21 a 28 de maio), segundo a DAPP-FGV.
O segundo mais compartilhado, com 145 postagens no WhatsApp e 500 mil visualizações no YouTube, é intitulado “A ditadura do STF", e também gravado horas depois do cumprimento do mandado de busca.
Nele, Santos diz que "alguém precisa parar a Suprema corte" e cita o artigo 142 da Constituição Federal, que estabelece as obrigações das Forças Armadas e que normalmente é citado por defensores de uma intervenção militar – medida ilegal, inconstitucional e contrária à democracia.
Como ambos os vídeos foram publicados no formato de live, houve doação financeira dos espectadores durante as transmissões, pelo chat do canal. Essa é uma prerrogativa dada pelo YouTube a canais monetizáveis. O canal Terça Livre também permite que usuários sejam “membros”, doando uma quantia mensal.
O levantamento da DAPP-FGV analisou 259 grupos de WhatsApp, aos quais os pesquisadores chegaram por meio de convites públicos que circulam na internet ou no próprio aplicativo. Foram analisadas mais de 354 mil mensagens, postadas entre 7h de 21 de maio às 7h de 28 de maio.
Inquérito do STF sobre fake news: perguntas e respostas
Site do blogueiro recebeu anúncio de estatais
Allan dos Santos é um dos blogueiros investigados no inquérito do STF que receberam verbas de publicidade estatal. Em depoimento à CPMI das Fake News, em novembro do ano passado, Allan disse que não recebia dinheiro do governo.
Dados da Secretaria de Comunicação da Presidência, entretanto mostram que, ao todo, mais de 28 mil anúncios da Petrobras e da Eletrobras foram veiculados no canal de Allan e em outros investigados no inquérito das fake news entre janeiro de 2017 e julho de 2019, antes e durante o governo Bolsonaro, como revelou o jornal "O Globo" no domingo.
Inquérito das fake news: veja quem são os investigados e como funcionaria estrutura
Perfis continuam no ar
Além de buscas, o STF determinou na semana passada a suspensão das contas nas redes sociais de Santos e outros alvos da operação. Apesar disso, as contas do blogueiro no Twitter e nas redes do Facebook continuavam ativas no ar na manhã desta segunda-feira (1º).
Em nota, o Twitter disse que não comentaria o caso, e o Facebook afirmou que ainda não tinha sido notificado pela Justiça. A determinação da Justiça, porém, não incluiu o YouTube e o WhatsApp, que pertence ao Facebook, na lista de redes que deveriam fazer o bloqueio de contas.
Procurado pelo G1, o Google, dono do YouTube, também afirmou que não comentaria o caso.
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