Roberto Campos Neto fez comentário no dia em que o IBGE divulgou que o PIB brasileiro caiu 1,5% no 1º trimestre, resultado que reflete efeitos iniciais da pandemia. PIB encolhe 1,5% com pandemia e economia regride ao patamar de 2012
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estimou nesta sexta-feira (29) que a economia brasileira deve registrar uma retração de 5%, ou mais, neste ano. A declaração foi dada durante videoconferência realizada por uma instituição financeira.
Mais cedo, nesta sexta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro caiu 1,5% no 1º trimestre, na comparação com os três últimos meses de 2019.
O resultado reflete apenas os primeiros impactos da pandemia do novo coronavírus, e coloca o país à beira de uma nova recessão, uma vez que a expectativa é de um tombo ainda maior no 2º trimestre.
"No caso do Brasil hoje, vemos um crescimento [variação do PIB] que vai ser menos 5%, ou um pouco mais. É difícil prever, pois depende da extensão do distanciamento social. O desemprego vai ser alto, com algumas agências do mercado falando de um crescimento de 15%, ou um pouco mais", declarou.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
A mais recente previsão oficial do BC para o PIB deste ano foi divulgada em março e estima estabilidade, ou seja, de crescimento zero em 2020.
Para o Ministério da Economia, se mantido o distanciamento social até o fim de maio, o tombo do PIB será de 4,7% em 2020. Se as políticas de distanciamento social continuarem por mais tempo, estimou o governo, haverá um impacto adicional (perda de produção) de R$ 20 bilhões por semana.
Saída de recursos
O presidente do BC também informou que a crise do coronavírus gerou uma “enorme saída” de recursos de países emergentes e, também, da economia brasileira.
“Se olharmos em relação aos mercados emergentes, [a saída de recursos foi] pelo menos cinco vezes maior do que 2008. No caso do Brasil, foi 10 vezes maior", disse Campos Neto, se referindo à crise econômica originada no setor hipotecário dos Estados Unidos, que acabou tendo como marco a quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008.
Dados do BC revelam que os investidores retiraram, em termos líquidos, US$ 31,44 bilhões de aplicações financeiras de janeiro a abril deste ano. Os dados englobam ações, fundos de investimento e títulos da dívida pública.
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