Editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional foi entrevistado por Pedro Bial. Pedro Bial entrevista William Bonner Reprodução/TV Globo William Bonner, editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, foi entrevistado por Pedro Bial, no programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Na entrevista exibida na terça-feira (26), Bonner disse que se tornou vítima da polarização política no Brasil: “Polarização chegou a um ponto em que minha presença em determinados locais públicos era motivadora de tensões. Quando eu percebi isso, percebi isso de maneira ruim, dentro de farmácia. Fui agredido verbalmente, insultado, desafiado.” “Tem gente hoje me aplaudindo que estava, há dois, três anos, me xingando. Pessoas que hoje estão me xingando, há dois, três anos, batiam palmas.” Bonner comentou também a força de negacionistas e reforçou o combate do Jornal Nacional à fake news: “O que dizer de uma pessoa que inventa um boato dando conta de que uma certa vacina mata ou produz um efeito ruim? Ou, o contrário, alguém que inventa uma informação de que um determinado medicamento está salvando as pessoas? O que é isso senão a maldade?” Bonner, que já foi muito ativo no Twitter, disse também que não usa as redes sociais com a mesma frequência de antes. "Eu ainda me assusto com a bile, com o ódio que escorre nas palavras, nas palavras mal escritas, nas palavras cuspidas. É um ódio tão intenso que a gente não sabe onde levará. E aí a gente vai para as ruas e assiste a esta mesma incivilidade." O jornalista também comentou que a quarentena dele "começou em 2018", após viver episódios de hostilidade nas ruas e em aviões. No programa, ele relatou em detalhes o que passou. “Eu tenho consciência de que sou um símbolo. Simbolizo muitas coisas para muitas pessoas, que não me conhecem, não sabem quem eu sou.” Na entrevista, Bial se disse preocupado com a segurança de repórteres durante a cobertura no Palácio do Alvorada e Bonner concordou: "A sensação que eu tenho é que se criou toda uma situação exatamente pra tornar muito difícil o trabalho, é mais um passo, mais uma ação pra nos dificultar, pra impedir que o trabalho da imprensa seja feito." A falta de segurança para seus jornalistas na saída do Palácio da Alvorada fez o Grupo Globo decidir que seus profissionais não mais farão plantão naquele lugar. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que são levados a ficar lado a lado com os jornalistas, apenas com uma grade entre os dois grupos, têm insultado de forma cada vez mais agressiva os profissionais de imprensa, de todos os veículos, que estão ali trabalhando. Na terça-feira (26), a Globo divulgou também uma nota de repúdio a uma campanha de intimidação a Bonner, registrada nos últimos dias. A nota cita o uso indevido do CPF do filho do jornalista por um fraudador que inscreveu o jovem no programa de auxílio emergencial do governo a pessoas vulneráveis que perderam renda na pandemia. Bonner denunciou o fato publicamente na semana passada, em sua conta no Twitter, e seus advogados alertaram a Caixa para a fraude e apresentaram notícia crime ao Ministério Público Federal. Repúdio e solidariedade A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) disse em nota que "se solidariza com o jornalista e sua família e lembra que não é a pessoa física que está sob ataque, e sim o telejornal que ele representa e o próprio jornalismo". Veja a nota completa da Abraji. A Associação dos Correspondentes Estrangeiros (ACE) repudiou em nota esta e outras agressões recentes a jornalistas. "A ACE também se solidariza com as agressões ao jornalista brasileiro William Bonner, da Rede Globo, na covarde tentativa de intimidação que acabou expondo dados pessoais dele e de membros sua família nas redes sociais. Uma ação evidentemente ligada ao trabalho de um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, na liderança do Jornal Nacional." Veja a nota completa abaixo. Nota da ACE sobre os ataques a William Bonner Divulgação