Índice Dow Jones voltou a fechar acima dos 25 mil pontos pela primeira vez desde março. Os principais indicadores acionários americanos encerraram os negócios desta quarta-feira (27) em um tom bastante positivo, com alta forte dos índices no momento em que os investidores se mantêm atentos à reabertura das economias. Questões geopolíticas e a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a empresas de mídias sociais chegaram a ter impacto nos mercados de forma abrangente ao longo do dia, mas perderam força à medida que os agentes continuaram a embutir nos preços a chance de uma retomada mais acelerada da atividade econômica no segundo semestre. Wall Street Lucas Jackson/Reuters Assim, na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o índice Dow Jones voltou ao fechar acima dos 25 mil pontos pela primeira vez desde março, ao subir 2,21%, para 25.548,27 pontos. Já o S&P 500 avançou 1,48%, para 3.036,13 pontos. O índice eletrônico Nasdaq, por sua vez, operou em queda a maior parte do dia, mas encerrou a sessão em alta de 0,77%, com 9.412,36 pontos. O bom humor que deu as caras hoje em Wall Street teve como principal guia o setor financeiro. Ainda ontem, o diretor-executivo do J.P. Morgan, Jamie Dimon, disse acreditar em uma recuperação acelerada da economia, dado o caráter responsivo tanto do governo quanto do Federal Reserve (Fed). "As grandes empresas têm um grande número de recursos e esperamos manter as pequenas por tempo suficiente para que a maioria delas volte ao mercado", disse o executivo. Desde então, papéis de bancos têm disparado em Nova York. Nesta quarta-feira, as ações do J.P. Morgan subiram 5,79%; as do Bank of America saltaram 7%; e as do Morgan Stanley dispararam 7,26%. Não à toa, o subíndice financeiro do S&P 500 avançou 4,34%, para 398,50 pontos. O otimismo veio, ainda, de comentários de dirigentes do Fed. Embora o Livro Bege, divulgado durante a tarde, tenha apontado que a atividade econômica caiu acentuadamente na maioria dos distritos do banco central, o documento mostrou que muitos empresários se mostraram esperançosos de que a atividade econômica irá acelerar em conformidade com a reabertura dos negócios. Alguns dirigentes, inclusive, apontaram para esse cenário. Foi o caso de James Bullard, presidente da distrital de St. Louis do Fed, que vê chance de uma recuperação rápida em relação a choques do passado. Bullard não foi o único a tecer comentários sobre a economia hoje. Também o presidente do Fed de Nova York, John Williams, e o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, indicaram que o banco central americano terá de empregar mais estímulos à atividade. “O apoio fiscal já está no ar não só nos EUA, como também há pacotes sendo preparados na Europa e no Japão. As tensões entre EUA e China permanecem elevadas, mas o achatamento da curva de infecções ajuda a compensar essas preocupações. O mundo continua a se recuperar com o otimismo em torno da reabertura”, dizem os estrategistas da LPL Financial. Em relatório enviado a clientes, o Goldman Sachs nota que os índices já se recuperaram materialmente mesmo antes de dados econômicos mais fortes e diz que, nesse rali, a liderança das ações se concentrou em alguns papéis de crescimento estrutural em vez de ações de crescimento cíclico. “Como resultado, o risco de cauda das bolsas pode ser menor, mas existe a possibilidade haver um potencial para uma maior rotação dentro das ações, ao menos temporariamente.” Os papéis de giant techs estão entre os que mais se beneficiaram do avanço dos mercados acionários. Hoje, porém, a ameaça de Trump de fechar empresas de mídias sociais, após ter tuítes marcados como duvidosos pelo próprio Twitter, fez com que os papéis das empresas sofressem hoje. A ação do Twitter encerrou o dia em baixa de 2,76%, enquanto a do Facebook caiu 1,32% e a da Amazon recuou 0,47%.