A União Europeia apresentou nesta quarta um plano de 750 bilhões de euros para ajudar os países-membros a se recuperarem da crise provocada pela pandemia. Os índices acionários europeus tiveram mais um dia de ganhos nesta quarta-feira (26), engatando a terceira sessão consecutiva de alta, com os investidores otimistas sobre o plano de recuperação anunciado pela União Europeia e a perspectiva de mais estímulos pelo Banco Central Europeu (BCE). O pan-europeu Stoxx 600 terminou a sessão com ganhos de 0,24%, aos 349,75 pontos. Em Frankfurt, o DAX avançou 1,33% e fechou o dia aos 11.657,69 pontos, em linha com a referência da bolsa de Londres, que subiu 1,26%, aos 6.144,25 pontos. Em Paris, o CAC 40 registrou alta de 1,79%, a 4.688,74 pontos e, em Milão, o FTSE MIB subiu 0,28%, aos 17.910,25 pontos. Homem usa máscara de proteção na frente da bolsa de valores de Londres Toby Melville/Reuters A União Europeia (UE) apresentou nesta quarta um plano de 750 bilhões de euros para ajudar os países-membros a se recuperarem da crise provocada pela pandemia de covid-19, que ameaça não só a economia da região, mas também o próprio futuro do bloco. Se implementado, o plano pode representar um histórico passo na união das finanças nacionais dos 27 países do bloco. A proposta apresentada pela Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, se baseia em um plano revelado na semana passada por França e Alemanha e permitiria novas transferências significativas de recursos entre os membros, que seriam financiadas pela dívida comum da UE. Dos 750 bilhões que serão captados diretamente nos mercados financeiros, serão 500 bilhões de euros em subsídios e os outros 250 bilhões de euros em empréstimos para os governos mais afetados pela pandemia. "O acordo sugere um possível compromisso com o que é conhecido como os "frugal four" – os quatro pequenos países do norte da Europa: Áustria, Holanda, Suécia e Dinamarca – todos os quais se opunham à noção de doações puras", afirmou o diretor geral da BK Asset Managemente, Boris Schlossberg. Ele destaca que o acordo sugere que as autoridades europeias estão levando a sério a necessidade de mutualização da dívida em face do histórico choque econômico causado pela pandemia da covid-19, o que deu impulso aos ativos de risco hoje. Poucas horas antes da publicação da proposta da Comissão Europeia, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, observou em uma discussão on-line que o PIB da zona do euro poderia encolher de 8 a 12% este ano, pior que os 5% previstos no início da pandemia. Isabel Schnabel, membro do conselho executivo do BCE, disse em entrevista ao Financial Times que o BCE aumentaria seu chamado PEPP (programa de compras emergenciais da pandemia) na próxima semana, se os dados mostrarem que "a situação se deteriorar ainda mais, principalmente em relação à inflação". A questão debatida por analistas e outros observadores do BCE agora é sobre o tamanho do aumento a ser decidido na próxima semana, o horizonte de tempo que o banco central está considerando e a natureza dos ativos que a instituição pode decidir adquirir no mercado. Segundo o Morgan Stanley, o BCE poderia expandir a lista de ativos elegíveis para seu programa de flexibilização quantitativa (QE) e os ETFs – fundos negociados em bolsa – seriam os principais candidatos. "Poderia se argumentar que comprar ETFs é legalmente mais fácil do que comprar ativos soberanos, pois pode não existir preocupação com o financiamento monetário dos governos", diz o banco. As ações dos bancos avançaram 3,95% dentro do índice Stoxx 600 hoje, com as notícias do pacote da UE. O espanhol Santander subiu 4,88% e o italiano UniCredit avançou 4,68%. As montadoras registraram os maiores diários, com o setor em alta de 4,70%. O otimismo veio após o presidente da França, Emmanuel Macron, ter afirmado na noite de ontem que seu governo planeja gastar bilhões de euros para sustentar a indústria automobilística do país em meio a um colapso nas compras de carros causado pela crise do coronavírus. A Renault avançou 17,47%, enquanto a Peugeot subiu 4,91%. "É a maior intervenção automotiva da história", disse Demian Flowers, chefe de pesquisa automotiva do Commerzbank. No entanto, o impacto sobre as ações pode durar pouco segundo ele, com base na experiência de 2009. Programas de incentivo para os consumidores podem ser temporariamente eficazes, antecipando as compras, em vez de criar uma demanda sustentada, apontou.