Companhia alegou ter sofrido impactos com pandemia. Tarcísio Freitas (Infraestrutura) disse que Latam deve 'cortar despesas para se segurar' no Brasil. Ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) Reprodução/GloboNews O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, afirmou ao G1 nesta terça-feira (26) que o pedido de recuperação judicial apresentado pelo grupo Latam Airlines nos Estados Unidos acende um "sinal de alerta" e que é preciso trabalhar com "afinco" nas medidas de ajuda às companhias aéreas. O grupo e as afiliadas em cinco países (Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos) entraram nesta terça com o pedido alegando impactos com a crise na economia, provocada pela pandemia coronavírus. As subsidiárias do grupo no Brasil, na Argentina e no Paraguai não estão envolvidas no processo de reestruturação de dívida sob a proteção do Capítulo 11 da lei de falências dos Estados Unidos, que permite um prazo para que as empresas se reorganizem financeiramente. "É um sinal de alerta. Ela tem caixa aqui, mas deverá cortar despesas para se segurar", afirmou. O G1 tentava contato com a Latam no Brasil até a última atualização desta reportagem. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o ministro destacou que o pedido é um movimento estratégico da empresa e que o governo monitora o movimento da companhia. "É um movimento pensado da companhia, porque ela tem caixa. Quando ela faz isso, ela congela dívidas de financiamento. Consegue cancelar contratos que não são importantes para a operação. No Brasil não aconteceu, porque estão confiando na linha de capital disponível pelo BNDES, e essa linha vai ser importante", afirmou. Segundo Tarcísio Freitas, no Brasil a empresa tem trabalhado para cumprir os requisitos para a linha de crédito ofertada pelo BNDES. “Tenho certeza que essa linha de crédito será um passo a mais para a ajuda governamental para as companhias aéreas”, disse. Segundo o ministro, a preocupação é manter as empresas em operação para não haver choque de demanda quando houve a retomada dos voos, o que poderia levar a uma elevação do preço das passagens e a regiões sem voos. Trabalho com 'afinco' Segundo o ministro, o governo tem que trabalhar com "afinco" nas medidas para ajudar as companhias aéreas. O setor é um dos mais afetados pela crise provocada pela pandemia, com queda de mais de 90% na demanda doméstica e internacional. Em abril, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a demanda por voos domésticos caiu 93,09% e a demanda por voos internacionais, 98,13%. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) propôs um pacote de R$ 4 bilhões para as companhias aéreas. Além da linha de financiamento, o governo também estuda outras formas de ajuda como a compra antecipada de passagens aéreas. Pedido de recuperação Em nota, a Latam informou que o processo de reestruturação permitirá um trabalho "com os credores do grupo e outras partes interessadas para reduzir sua dívida, acessar novas fontes de financiamento e continuar operando, enquanto adapta seus negócios a essa nova realidade". O grupo informou ainda que está "comprometido em preservar a continuidade dos negócios à medida que se reorganiza", principalmente em relação a funcionários, clientes, fornecedores, parceiros comerciais e comunidades locais. A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça. No comunicado, a Latam informou ainda já obteve a garantia de um suporte financeiro de até US$ 900 milhões dos seus principais acionistas da empresa, incluindo as famílias Cueto e Amaro, e a Qatar Airways.