Entidade destaca que a região não conseguirá contar um apoio mais forte da China na recuperação desta crise. A deterioração da economia na América Latina nos últimos meses tem surpreendido analistas e levado à revisão das projeções para um cenário ainda mais grave. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) alerta agora que a região deve ter uma retração de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, estimativa pior que a projetada em abril, de -4,5%.
As novas projeções incluem baixa de 9,7% na Argentina e de 6,9% no Brasil, enquanto o México caminha para um recuo de 8,7%. A previsão feita para o Brasil é pior que as estimadas por outros órgãos e especialistas:
Mercado vê tombo de 5,89% no PIB brasileiro em 2020
Governo estima queda de 4,7% no PIB
Banco Mundial estima queda de 5%
FMI vê contração de 5,3% na economia brasileira
“Na América Latina, o impacto sobre a atividade real no primeiro trimestre foi mais profundo do que esperávamos, e os indicadores de sentimento continuam deprimidos no segundo trimestre. Além disso, a propagação do vírus parece menos contido do que em alguns mercados desenvolvidos, onde os surtos foram graves”, afirmam os analistas do IIF.
FMI prevê queda de 5,2% do PIB da América Latina
Dessa forma, prevalece a leitura de que as economias latino-americanas devem ter uma contração “extraordinariamente profunda” este ano, que se deve também a um longo período de desempenho inferior aos pares emergentes. No caso do Brasil, a recuperação da recessão vista em 2015 e 2016 foi lenta e muito incompleta, até considerada uma queda acentuada no crescimento potencial. “Um rápido alívio dos ‘lockdowns’ está longe de garantido, dado um número ainda crescente de novos casos de Covid em toda a região”, afirmam.
No entanto, a característica mais marcante desta recessão é a sua velocidade. Um único trimestre custará à região quase 10% de sua produção econômica, dizem os analistas do IIF. Em 2008, a recuperação foi forte, trazendo a renda real de volta aos níveis pré-crise em cinco trimestres. Um grande estímulo da China foi um fator essencial da recuperação.
“Desta vez, o apoio de política econômica na China é moderado, como ocorreu na guerra tarifária de 2019. Isso é compatível com uma recuperação moderada na América Latina na segunda metade do ano, supondo que a propagação do vírus esteja contida globalmente”, afirmam.
De acordo com os especialistas, mesmo se a recuperação ocorrer na América Latina em breve, o legado de um longo período de maus resultados de crescimento pesará no espaço das medidas econômicas e gerará uma perspectiva política e social desafiadora.
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