Expectativa é que a economia europeia "encolha" mais de 7% este ano. A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira (27) um pacote no valor de 1,85 trilhão de euros para o próximo Orçamento de longo prazo da UE e um fundo de recuperação para economias afetadas pela pandemia de coronavírus.
"A Comissão está propondo hoje um novo instrumento de recuperação, chamado 'UE Próxima Geração', dentro de um Orçamento renovado de longo prazo da UE. No total, este Plano Europeu de Recuperação usará 1,85 trilhão de euros para ajudar a impulsionar nossa economia e garantir que a Europa avance", disse o Executivo do bloco em comunicado.
A expectativa é que a economia europeia "encolha" mais de 7% este ano. "Entretanto, um pior cenário de uma segunda onda [do coronavírus] e de uma extensão de medidas de confinamento pode levar a uma queda de até 16% no PIB deste ano", destacou o órgão.
Os recursos para o programa chamado de UE Próxima Geração, que deverão alcançar 750 milhões de euros, serão obtidos por meio da emissão de títulos no mercado financeiro, com a elevação do teto de recursos da UE. Além desse programa, a Comissão Europeia propõe um novo orçamento para a UE, de cerca de 1,1 bilhão de euros entre 2021 e 2027. Somados, o novo programa e o orçamento chegam a 1,85 trilhão de euros.
Turismo reabre aos poucos na Europa
UE Próxima Geração
A União Europeia pretende tomar 750 bilhões de euros emprestados no mercado e disponibilizar esses recursos em subsídios e empréstimos para ajudá-los a se recuperar dos impactos do coronavírus. A maior parte do dinheiro irá para Itália e Espanha, os mais afetados pela pandemia, que juntos receberão 313 bilhões de euros em subsídios e empréstimos.
O objetivo também é proteger o mercado único da União Europeia de se fragmentar diante de crescimentos econômicos e níveis de riqueza divergentes conforme o bloco de 27 países emerge de sua recessão mais profunda esperada para este ano.
Dos 750 bilhões de euros, dois terços serão em subsídios financiados por tomadas de empréstimos conjuntos e um terço em empréstimos.
Os subsídios, embora controversos, são necessários porque Itália, Espanha, Grécia, França e Portugal já têm dívidas altas e dependem bastante do turismo, que foi interrompido pela pandemia. Seria mais difícil para eles do que para países do norte retomarem suas economias através de empréstimos.
Preocupação
Os 500 bilhões de euros em subsídios estão em linha com o desejo das duas maiores economias da UE – França e Alemanha – embora alguns países preferissem ver apenas empréstimos no pacote de recuperação. A tomada de empréstimos terá que ser saldada, o que significa contribuições nacionais mais altas para o Orçamento da UE no futuro ou novos impostos.
A Comissão propôs novas receitas na forma de um imposto sobre plásticos, algum dinheiro de um esquema de negociação de CO2, imposto sobre serviços digitais, uma parte das taxas corporativas nacionais e um imposto de importação sobre produtos feitos nos países com padrões mais baixos de emissão de CO2 do que a UE.
Também propôs que o Orçamento da UE deveria receber uma fatia maior do Imposto sobre Valor Agregado pago pelos governos à UE.
Reações dos países
O governo espanhol afirmou que a proposta serviria como uma boa base para futuras negociações. Em um comunicado, o país comemorou a proposta como uma resposta a "muitas das demandas da Espanha".
Na Itália, o primeiro ministro Giuseppe Conte afirmou que a proposta é um sinal muito bom: "Ótimo sinal de Bruxelas, vai exatamente na direção indicada pela Itália", disse ele em uma rede social, acrescentando que os países europeus devem agora acelerar as negociações para liberar rapidamente os recursos disponíveis.
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