Tony Tornado na capa do segundo álbum solo, lançado em 1972 Reprodução ♪ MEMÓRIA – Nascido em 26 de maio de 1930, Tony Tornado chega aos 90 anos nesta terça-feira com o orgulho de ser uma das vozes pioneiras da black music feita no Brasil no alvorecer da década de 1970. Cantor, compositor e ator, o paulista Antônio Viana Gomes se autodefiniu em 2019, em entrevista ao jornal O Globo, como um “cantor que atua”. Presente há mais de 40 anos na tela da TV Globo, emissora onde viveu personagens marcantes como o fictício Rodésio da novela Roque Santeiro (1985) e o real guarda-costas Gregório Fortunato (1900 – 1962) da minissérie Agosto (1993), Tornado tem sido notado mais como ator pelo público brasileiro. Contudo, quem viveu em 1970 sabe que, há 50 anos, não foi o ator, mas, sim, o cantor Toni Tornado – então com o i no lugar do y que ele poria posteriormente no nome artístico – que conquistou o Brasil. Ao se transformar em discípulo nacional de James Brown (1933 – 2006), cantor norte-americano que propagou o funk para todo o universo pop nos anos 1960, Tornado balançou e seduziu o Brasil ao vencer a sexta edição do Festival Internacional da Canção (FIC), realizada em 1970. A vitória veio com a interpretação da música BR-3 (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), composição influenciada pelo funk e pelo soul de James Brown, cantada com vigor por Tornado com a adesão vocal do Trio Ternura. Tony Tornado em 2018 em entrevista ao programa 'Conversa com Bial' TV Globo A vitória no penúltimo FIC abriu caminho para que, contratado pela gravadora Odeon, o cantor gravasse os dois únicos álbuns solo da discografia, ambos intitulados Toni Tornado e lançados em 1971 e 1972. No álbum de 1971, gravado com arranjos orquestrais de Paulo Moura (1932 – 2010) e Waltel Branco (1929 – 2018), Tornado deu voz músicas de autoria de compositores associados à então emergente black music do Brasil. Me libertei (Frankie Adriano e Tony Bizaarro), O repórter informou (Hyldon) e Uma vida (Dom Salvador e Arnoldo Medeiros) sobressaíram no repertório deste disco entre duas inéditas composições de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Já o álbum de 1972 foi orquestrado com arranjos do pianista Dom Salvador e teve repertório dominado por músicas de autoria do próprio Tony Tornado, compositor de sete das 11 faixas do disco. A pouca repercussão comercial do álbum Toni Tornado de 1972 fez com que a carreira fonográfica do artista perdesse impulso. Tornado gravou singles em meados dos anos 1970, mas foi na década seguinte que reconquistou o Brasil, já então como ator. Só que Tony Tornado nunca se desligou da música e é com justificado orgulho negro que festeja 90 anos como uma das vozes seminais do funk e do soul brasileiros.