Evento lança campanha 'Be the one', da ONU. Ao G1, ela adianta que está preparando 1ª live só dela: 'Estou me coçando pra fazer show, mas é importante fazer com segurança'. Nesta quinta-feira, Iza participa de uma live do projeto "Be the one", a partir das 14h, com transmissão no Multishow. No evento que apresenta a campanha da ONU para dar visibilidade a refugiados, ela deve cantar pelo menos três músicas ("Dona de mim", "Meu talismã" e "Brisa"). Mas o que os fãs também querem saber é se, em breve, ela pretende fazer uma live só dela. A resposta é sim, mas com ressalvas. "Eu estou desenhando uma forma de, sim, fazer uma live de forma segura. Sem envolver gente pra caramba", conta Iza. A campanha "Be the one" é uma parceria da Organização das Nações Unidas com a Fundação Humanity Lab. Além da live com show e debate, o início da campanha é marcado pelo lançamento da música "Let Me Be The One", parceria de Iza com o rapper americano Maejor. Em entrevista ao G1, por telefone, Iza explica por que decidiu fazer parte desse projeto e fala da rotina dela durante a pandemia da Covid-19. Ela elege a melhor trilha para lavar louça, o melhor passatempo durante a quarentena e diz que o segundo álbum deverá ter o mesmo estilo "misturadão" do primeiro. G1 – Por que você topou participar deste projeto? Iza – Eu fiquei muito feliz por fazer parte disso. Eu me preocupo muito em falar as coisas que importam pra mim, na minha arte. Fazer parte da campanha com um artista que eu admiro tanto, que é o Maejor. É uma coisa que além de me fazer muito bem, me deixa lisonjeada, sabe? A gente estava preparado pra lançar isso antes mesmo de saber de pandemia. Eu acho que ela está vindo agora em um momento em que infelizmente muito propício pra tudo isso. G1 – No palco e nas suas redes sociais, você faz questão de falar de temas fora da música e da sua vida, por entender que você pode incentivar os outros a pensar. Esse projeto tem a ver com essa sua vontade, que aparece em momentos como quando você postou no seu Instagram sobre o menino João Pedro? Iza – Na verdade, a maioria dos refugiados aqui no Brasil são negros, né? E esse é o cerne da campanha. A gente fala sobre várias outras coisas, como empatia, respeito, abraçar as diferenças… mas o centro disso tudo são os refugiados. Eu acho que fala diretamente comigo, com minha realidade, essência, com minha comunidade. Eu acho que eu falar sobre o João Pedro não tem nada a ver com a campanha. Mas, infelizmente, o tema do campanha, os pilares falam sobre isso. Eu acordei com essa notícia, eu achei… Enfim, é uma notícia muito triste, que infelizmente já não é novidade pra muitas pessoas. Principalmente pra quem cresceu na Zona Norte do Rio de Janeiro como eu. Enfim, eu nem consegui escrever muita coisa. A gente se pergunta até quando e eu espero que, de certa forma, porque eu sei que precisa de muito mais que isso… Espero que essa campanha possa acender no coração das pessoas a consciência de que nossas escolhas acabam impactando a vida de muita gente. G1 – Falando sobre a experiência que você já tinha em cantar em inglês: você canta de novo uma parte nesta música. Como foi gravar e compor em inglês e português? Iza – Essa música chegou pra mim toda em inglês e eu fiz toda a parte musical com o Maejor a distância, né? A gente se conheceu pessoalmente na semana em que a gente gravou o clipe. Eu sempre amei muito cantar em inglês, mas não queria que a mensagem da música se perdesse. Eu queria muito que as pessoas entendessem mesmo o que eu estava falando. Por isso que a escolha foi cantar somente o refrão em inglês. Mas foi bacana misturar as duas coisas. Como é uma campanha mundial, queria muito que as pessoas ouvissem o nosso idioma, que é tão bonito. Iza e Maejor no clipe de 'Let Me Be The One' Divulgação G1 – Tem esse fascínio de quando vê um brasileiro com um gringo, vê um brasileiro cantando em inglês… Parece que rola um orgulho dos fãs: 'Caramba, olha lá a Iza cantando em inglês'. Iza – [Risos] Entendi. Não sei, acho que talvez seja a questão de ver um brasileiro talvez quebrando barreiras. Essa barreira seria a barreira do idioma… Eu sei que, sim, eu sempre gostei muito de cantar em inglês. Foi super divertido, eu sempre gostei de ouvir soul R&B, jazz e comecei com cover. Eu sempre gostei muito de me expressar nesse idioma, que querendo ou não é o idioma que comunica universalmente. G1 – Como vai ser a live do projeto? Iza – A gente vai ter representantes da ONU, da Humanity Lab, Maejor e eu trocando ideia sobre o que a gente vai fazer com essa campanha. Em um momento, a gente vai cantar, porque eu acho que a música é parte da campanha. Então, a gente vai levar música pra galera, sim. Eu estou com todos os meus bailarinos, com minha banda e meus backing vocals cada um da sua casa. É assim que a gente vai mostrar as nossas músicas e a gente se preparou pra isso, pra mostrar tudo muito bonito. Dá uma saudade de estar no palco junto de todo mundo. Eu vou cantar três músicas, ou talvez mais do que isso, não sei. A gente está vendo a história do tempo, porque tem coisa institucional pra falar. Mas o máximo de música que puder colocar lá, a gente vai colocar. Mas com certeza "Dona de mim", "Meu talismã" e "Brisa" vão rolar. G1 – Por falar em live, eu, como porta-voz dos fãs, tenho que perguntar: o que você pode dizer sobre a sua live? Sei que tem essa do projeto e que você já participou de festival, mas uma live só sua, maior, está nos seus planos? Iza – Eu estou estudando uma forma de fazer com que essa live aconteça da melhor forma possível. Eu, em dezembro do ano passado, já tinha decidido que abril, maio e junho não ia trabalhar. Eu ia ficar parada em casa. Foi muito louco que eu já estava com tudo bloqueado desde dezembro e a gente recebeu essa notícia em fevereiro [coronavírus]. Então é meio que assim "eu tô de férias". [risos] Eu queria muito fazer isso, mas não estou conseguindo fazer da forma como eu gostaria, porque está todo mundo dentro da sua casa, tem coisas que precisam ser presenciais. Mas eu preparei esse tempo pra compor. E, realmente, isso das lives surgiu, né? "Eu estou desenhando uma forma de, sim, fazer uma live de forma segura. Sem envolver gente pra caramba. Tem pessoas que vão trabalhar, que vão montar aquele lugar, fazer transmissão. A gente precisa ter a consciência de levar entretenimento sem esquecer tudo que está acontecendo. As pessoas vão gostar, eu vou amar, porque eu estou me coçando pra fazer show, mas é importante fazer com segurança." G1 – Muito fã fica te cobrando pra fazer essa live? Iza – Sim, e isso é normal. As pessoas estão querendo válvulas de escape. Eu acho que a arte tem sido muito curativa nesses momentos. Porque a gente está vivendo tempos muito loucos. As pessoas não podem realmente sair, não podem fazer confraternizações, estão longe da pessoas que amam. Elas estão com saudade de aglomeração, de show. Eu sou uma delas. Então, é tranquila é a cobrança. Não tá acontecendo só comigo, não. A galera tá querendo música. Iza no clipe de 'Let Me Be The One' Divulgação G1 – Você falou em uma live com a Lexa que está desenhando muito para manter a mente ocupada. O que mais você tem feito? Iza – Nas primeiras semanas, eu não consegui fazer muita coisa. Eu estava mais focada nos trabalhos de casa. Casa rende, né? Pensa em uma coisa que multiplica, que é louça… Então, no primeiro mês, eu estava mais assim. E mais surtando também. Não por estar dentro de casa, mas pela situação que a gente está vivendo, por estar enfrentando uma coisa que a gente não conhecia, por ser uma coisa invisível. A gente começa a se preocupar com os nossos. São muitas notícias e, de primeira, eu não estava conseguindo ser tão produtiva. Agora, eu já consigo. Tenho gravado coisas, tenho feito músicas, tenho desenhado muito para pensar em música. Quando eu desligo, é que vêm as criações. Essa coisa de criar sem pressão é tudo que um artista quer. Isso tem sido produtivo pra mim. Eu sempre gostei muito de trabalhos manuais, minha mãe é professora de artes. Então, eu estou desenhando, pintando, fazendo miniatura, fazendo tudo que mais amo fazer e não fazia há bastante tempo por conta da correria da carreira. G1 – Quando você diz desenhar, são quais tipos de desenho? Iza – Quando era criança, eu desenhava de tudo assim. Quando era mais adolescente, até os meus 24 anos eu desenhava à beça antes de começar a cantar. Mas eu sempre gostei muito de desenhar roupa, de desenhar acessórios e tal. Eu estou criando e me distraindo. Ao longo da minha carreira, como cantora, eu fazia isso pra roupa, figurinos do Rock in Rio. Eu sempre gostei de desenhar meus figurinos e ter essa troca com a minha stylist e com os estilistas que trabalham comigo. Eu tenho feito muito isso. Tem sido uma diversão pra mim. G1 – O que você pode me adiantar sobre o novo álbum? Tem alguma história que você quer contar, ou dá para falar que vai ter a pegada de alguma música que você já lançou? Iza – É meio complicado ficar falando sobre como vai ser o álbum. Não porque eu não goste de falar, mas é porque isso muda o tempo inteiro. Eu vou cantar com certeza tudo o que eu mais amo cantar, que nem "Dona de mim", que foi um misturadão. É bem provável que esse meu álbum seja assim também. "As músicas que eu tenho feito são muito diferentes umas das outras. Eu acho que isso acaba sendo uma identidade minha. Eu acho que meus ritmos principais são dancehall, reggae, trap, R&B, pop, mas eu estou sempre misturando tudo. E eu acho que isso é uma característica minha." G1 – E enquanto você desenhava, ou fazia as coisas de casa, o que você tem ouvido? Qual a melhor trilha pra lavar louça? Iza – Eu adoro música antiga, música anos 70, 80. Escuto bastante coisa. Mas eu também sou muito focada em artistas novas e ritmos novos. Como eu gosto de dancehall e de reggae, eu escuto isso pra caramba todo dia. Então, tem uma artista nigeriana que se chama Tiwa Savage, que eu sou fascinada há alguns anos. Eu escuto muito quando eu estou lavando louça. [risos] 'Em 2020 vem álbum novo', conta Iza, que comemora o sucesso de 2019