É o maior nível de ociosidade registrado na série histórica da entidade, que tem início em janeiro de 2011. Nível de produção e de empregados também tiveram quedas sem precedentes. O nível de utilização da capacidade de produção da indústria brasileira caiu nove pontos percentuais em abril, para 49%. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (20) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Isso quer dizer que pouco mais da metade da capacidade instalada das empresas ficou ociosa no último mês. Os índices de utilização da capacidade de produção refletem a redução das atividades industriais em decorrência dos efeitos da pandemia da Covid-19, acrescentou a CNI.
De acordo com a entidade, esse foi o maior nível de ociosidade da indústria brasileira desde o início da série histórica, em janeiro de 2011, ou seja, em quase dez anos.
"A maior disseminação da crise entre as empresas no mês de abril era esperada pois no início do mês de março, grande parte da indústria ainda não tinha sentido a queda na demanda. Em abril, as empresas passaram o mês todo sob os efeitos das medidas de distanciamento social", disse o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da entidade, Renato da Fonseca.
Por setores
Entre os mais afetados em abril, destaca-se o setor mobiliário, com a maior queda na produção, no emprego e menor uso do parque fabril efetivo em relação ao usual.
Outros setores que registraram quedas fortes na produção e utilização da capacidade instalada, de acordo com a entidade, foram: produtos têxteis, vestuário e acessórios, calçados, impressão e reprodução e veículos automotores.
Entre os setores menos afetados estão: perfumaria, sabões, detergentes, produtos de limpeza e de higiene pessoal, e o setor de farmoquímicos e farmacêuticos, com quedas da atividade mais brandas que o restante da indústria.
Os setores alimentos e químicos, que figuravam entre os destaques positivos em março, ainda tiveram desempenho menos pior que o restante da indústria em abril, informou a CNI.
Produção e emprego
A CNI avaliou ainda que, por conta da pandemia, o nível de produção e o número de empregados registraram quedas de uma intensidade e disseminação nunca antes registradas nas séries mensais desses índices – que começam em 2010 e 2011, respectivamente.
O índice de evolução da produção ficou em em 26 pontos em abril, ou seja, 24 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos. Esse valor, explicou a entidade, separa queda e crescimento da produção.
"Ressalte-se que, em março, o índice havia registrado o menor valor da série até então e, em abril, alcançou novo piso da série. Ou seja, a queda de intensidade e disseminação recordes de abril se dá após o recorde anterior, apurado em março", acrescentou a CNI.
O número de empregados também registrou forte queda em abril, segundo números da entidade. O índice se afastou significativamente da linha divisória de 50 pontos, ficando em 38,2 pontos.
Pessimismo e intenção de investir
A maioria dos índices de expectativas registrou melhora no começo de maio, informou a CNI, algo que era esperado "em razão da forte queda dos meses anteriores". Porém, a confederação afirma que as expectativas continuam particularmente negativas.
O índice de expectativa de demanda registrou um crescimento de 3,2 pontos, para 35,1 pontos. Indicadores abaixo de 50 pontos retratam pessimismo do empresariado. Ou seja, a expectativa continua sendo de queda na demanda.
O indicador de expectativa de número de empregados cresceu 2,9 pontos na comparação com abril, para 38,1 pontos, enquanto o de compras de matérias-primas cresceu 1,4 ponto, para 34,7 pontos. Como ambos seguem abaixo de 50 pontos, a expectativa segue negativa.
Ao mesmo tempo, o índice de intenção de investimentos subiu de 36,7 pontos para 36,9 pontos, continuando abaixo de 50 pontos (perspectiva negativa), por conta da "elevada incerteza e o consequente pessimismo dos empresários".