Pagamento também será liberado para quem para os inscritos no cadastro único de programas sociais. Mas muitos brasileiros que se inscreveram no programa ainda não sabem se vão receber. Auxílio emergencial: 2ª parcela começa a ser paga para cadastrados no site ou app
O governo começa a pagar nesta quarta-feira (20) a segunda parcela do auxílio de R$ 600 para quem se cadastrou pelo site ou aplicativo do programa e para os inscritos no Cadastro Único de programas sociais. Mas muitos brasileiros que se inscreveram ainda nem sabem se vão receber.
Wesley fez o cadastro da Caixa no dia 7 de abril. Dois dias depois, o governo começou a pagar a primeira parcela do auxílio. Mas Wesley teve que esperar mais de duas semanas para saber que os dados dele estavam incompletos. Aí, ele refez o cadastro, que só foi aprovado no último sábado (16), quase 40 dias após pedir o benefício. E ele ainda não recebeu.
“Passamos quase um mês e meio de dificuldade, esperando por esse benefício, recebendo doações, ajuda. Chegamos a passar até 20 dias fora de casa, na casa de parente para poder garantir que o nosso filho, nossa família sub-existisse. E ainda temos que esperar isso tudo para poder receber a primeira parcela”, conta Wesley Alves de Oliveira, prestador de serviços.
Wesley faz parte do grupo de mais de 8 milhões de brasileiros que só começaram a receber nesta terça-feira (19). Os R$ 600 vão chegar nas mãos dele no sábado (23), de acordo com o calendário por data de nascimento.
Quem pede o auxílio emergencial tem pressa. Muitos deixaram o trabalho, estão em isolamento e ainda não receberam. O governo chegou a prever que iria pagar duas parcelas ainda em abril. Mas não estava preparado para a quantidade de pessoas.
A segunda parcela só começa a ser paga nesta quarta. Mesmo assim, saques e transferências só poderão ser feitos a partir do fim de maio, quase dois meses após o início dos pagamentos da primeira parcela.
Quem ainda está recebendo a primeira parcela, só vai receber a segunda em junho. Nada muda para beneficiários do Bolsa Família, que recebem de 18 a 29 de maio de acordo com o NIS, o número do Cadastro Único. E já podem sacar.
Foram mais de 53 milhões de cadastros feitos por trabalhadores autônomos e informais pelo site ou aplicativo da Caixa. Quase 30 milhões aprovados, mas ainda há 4 milhões de CPFs em análise pela Dataprev, e a Caixa ainda não tem data para pagar.
Quem não tem conta em banco pode fazer o cadastro pelo site ou pelo aplicativo da Caixa. Uma poupança digital é aberta gratuitamente para que o trabalhador receba o benefício. E pode movimentar o dinheiro dentro do aplicativo para pagar contas, por exemplo, com outro aplicativo, o Caixa Tem, ou pode gerar um cartão virtual e fazer compras em mercados ou farmácia. Para sacar o dinheiro, esse trabalhador terá de ir a agências da Caixa ou lotéricas.
A Caixa firmou acordo com 52 bancos que estarão liberados para pagar em dinheiro a segunda parcela, mas só nas datas de saque.
Para receber o auxílio, o trabalhador precisa ter 18 anos. Mães adolescentes, menores de 18, também têm direito. A renda média por pessoa da família tem de ser de até meio salário mínimo por mês ou renda familiar total de até três mínimos por mês. O trabalhador não pode ter emprego com carteira assinada nem estar recebendo outros benefícios, com exceção do Bolsa Família. E a renda em 2018 não pode ter sido maior que R$ 28 mil.
A Janaína disse que vai receber o auxílio de R$ 600, mas afirma que tem direito a R$ 1.200, já que é mãe e chefe de família. Ela não conseguiu concluir o cadastro com os CPFs dos filhos, que apareciam como já cadastrados. “Tenho filhos menores. Por que eu não posso receber os R$ 1.200, como foi dito? Eu gostaria de uma resposta”, disse Janaína Brito, dona de floricultura móvel.
Juliana não consegue mais bicos com faxina. E até agora não sabe se vai receber o auxílio. “Está muito difícil. As contas estão chegando: o cartão de crédito, água, luz. E estava ansiosa aguardando essa parcela do auxílio emergencial. Só que não recebi nem a primeira parcela ainda. Antes dava em análise e agora está dando erro na página. Erro interno”, conta Juliana Almeida, autônoma.
É o caso de Ângelo: ele tem três filhos e não há resposta sobre o auxílio. “Desde quando lançou o aplicativo, eu fiz o meu cadastro. Até hoje está em análise. Preciso de uma resposta, esse valor é de extrema importância para a família", diz Ângelo Pereira de Oliveira, pedreiro e pintor.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, atribuiu a demora a falhas no Cadastro Único do Ministério da Cidadania, que muitas vezes está desatualizado: “Há uma falta grande de documentação. As pessoas acabam muitas vezes não se casando no papel. Então, muito difícil. Como é que o banco de dados vai poder refletir uma realidade que não foi colocada de uma maneira clara? E às vezes, o contrário: as pessoas já se separaram e também isso não foi colocado no papel. Então, como são 39 milhões de pessoas que não estavam em nenhuma base de dados do governo federal, temos até o dia 3 de julho para realizar todos os ajustes, e, sim, podem ter ajustes. Mas é importante procurar esses, seja o 121, seja o Fala BR, que é o canal do Ministério da Cidadania”.
Ainda não há data para o pagamento da terceira parcela.
O economista Ricardo Paes de Barros, professor do Insper, alerta que o governo não deve esquecer as pessoas que nem conseguiram fazer cadastro: “Evidentemente que o principal papel do governo federal é garantir que recursos não irão faltar para fazer os pagamentos e obviamente providenciar um cadastramento mais rápido – o mais eficiente, o menos burocrático possível -, mas confiável, de tal maneira que a gente possa prosseguir com esse importante programa emergencial que, historicamente, vai ficar muito claro a importância que ele teve nesse momento para combater a extrema pobreza no Brasil”.
Confira os calendários de pagamentos e outras informações sobre o auxílio emergencial no G1: https://g1.globo.com/economia/auxilio-emergencial/