Na sexta-feira (18), a agência de classificação de risco manteve sua perspectiva e o rating de crédito 'Ba2' da dívida soberana do Brasil. A agência de classificação de crédito Moody's alertou nesta segunda-feira (18) para os riscos crescentes para sua perspectiva "estável" para o rating de dívida soberana do Brasil, observando que uma recessão ainda mais profunda do que a prevista atualmente pode exigir apoio fiscal prolongado do governo. A Moody's espera que a maior economia da América Latina encolha 5,2% este ano devido à crise causada pelo coronavírus, uma previsão alinhada ao consenso do mercado e que marcaria a maior retração anual desde que os registros começaram em 1900. Logo da Moody's na sede da empresa em Nova York REUTERS/Brendan McDermid Mas os riscos pendem para o lado negativo, disse Samar Maziad, analista principal da Moody's para os ratings soberanos do Brasil, o que poderia exigir mais apoio à economia e abortar o plano do governo de retomar a austeridade fiscal e a agenda de reformas no próximo ano. "A dinâmica de crescimento do Brasil está sujeita a riscos negativos", disse Maziad em uma videochamada com jornalistas nesta segunda-feira. "Se a deterioração fiscal se tornar permanente, esse seria o gatilho crítico para repensar as perspectivas". A Moody's manteve sua perspectiva e o rating de crédito "Ba2" da dívida soberana do Brasil na sexta-feira, citando três principais razões para otimismo com a dinâmica da dívida: uma retomada da austeridade fiscal em breve; taxas de juros em recordes de baixa ajudando no pagamento do serviço da dívida; baixa dívida externa e fortes reservas internacionais. As autoridades do Ministério da Economia insistem que as despesas de combate à crise serão limitadas apenas a este ano e que o governo retomará seu esforço para recuperar as finanças públicas no mesmo nível no próximo ano. Medidas emergenciais para enfrentar as crises econômicas e de saúde terão um impacto estimado de R$ 349,4 bilhões no saldo primário do governo central deste ano, enquanto o déficit primário do setor público consolidado poderá chegar a R$ 700 bilhões ou mais de 9% do Produto Interno Bruto. Maziad também observou os crescentes riscos políticos. O presidente Jair Bolsonaro perdeu dois ministros da Saúde em um mês, seu popular ministro da Justiça renunciou e as relações com o Congresso são difíceis. "Estamos cientes dos riscos existentes –uma contração econômica mais profunda, dinâmica política e uma possível deterioração permanente no desempenho fiscal", afirmou Maziad. O rating de crédito "Ba2" do Brasil da Moody's é dois graus abaixo do grau de investimento. As agências de classificação rival Fitch e S&P recentemente reduziram suas perspectivas para o Brasil.