Com mais de cinco décadas de carreira, ele era um dos maiores autores brasileiros e tinha na experimentação literária uma de suas marcas. O escritor estava internado em um hospital no Rio. Escritor Sérgio Sant’Anna morre aos 78 anos vítima de Covid-19 O escritor Sérgio Sant'Anna, considerado um mestre dos contos e um dos maiores nomes da literatura brasileira, morreu neste domingo (10), aos 78 anos, no Rio. Ele estava internado em um hospital particular na Zona Norte do Rio, com sintomas da Covid-19. Ele deixa dois filhos, Paula e André Sant'Anna. A notícia foi divulgada pela irmã de Sérgio, a também escritora Sonia Sant'Anna, por meio de seu perfil pessoal no Facebook (leia abaixo). Na véspera, Sonia havia publicado, na mesma rede social, que o irmão apresentava sinais de melhora clínica. Ele estava internado desde o dia 3 de maio com sintomas da Covid-19, conforme havia sido informado pelo jornal "O Globo". O Hospital Quinta D'or, onde o escritor estava internado, confirmou a morte, ocorrida na madrugada, e disse não ter autorização para divulgar detalhes. ‘Você fica mais inteligente quando lê um livro do Sérgio Sant'Anna’, afirma Artur Xexéo Em uma carreira de mais de cinco décadas, Sérgio Sant'Anna tinha na experimentação literária uma de suas marcas. Dentre suas principais obras, estão "Um crime delicado" (1997), "O concerto para João Gilberto no Rio de Janeiro" (1983) e "O homem-mulher" (2014). O mais recente é "Anjo noturno" (2017). Todos são editados pela Companhia das Letras. O escritor, que torcia pelo Fluminense, também fez do futebol tema de suas histórias. Veja a repercussão da morte do escritor Na Flip, Sérgio Sant'Anna se diz 'chocado' com quem pede volta da ditadura militar e da censura: 'Tremendo equívoco' O escritor Sérgio Sant'Anna durante sua participação na Flip 2018 Walter Craveiro/Divulgação Escritora Sonia Sant'Anna lamenta a morte do irmão, o escritor Sérgio Sant'Anna Reprodução/Facebook Sérgio Sant'anna disse que no Brasil estava se escrevendo demais e que "a gente precisava de menos escritores e de mais leitores". O contista comentava ainda que preferia as narrativas curtas porque se livrava rápido da angústia. "Agradeço aos amigos que me procuram em busca de notícias do Sergio. Esse apoio tem sido de grande importância para nós. Ele ficará muito contente, ao se recuperar, ao saber como vocês gostam dele. Aqui vai o último boletim. Situação pulmonar estável. Os rins continuam não respondendo bem, e vai ser feita a diálise. Aos poucos ele vai acordando, mas ainda sem recuperar de todo a consciência”, publicou Sônia no sábado (9). Nascido no Rio, em 1941, Sérgio Sant'Anna completou 50 anos de carreira em outubro passado. Ele era considerado um dos mestres do conto no país. Contista, romancista, poeta e professor, Sérgio Sant’Anna estreou na literatura em 1969, com o livro de contos “O sobrevivente”, obra que o levou a participar do International Writing Program da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Ao longo dos mais de 50 anos de carreira, o escritor ganhou três vezes o Prêmio Jabuti, três vezes o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e uma vez o prêmio da Biblioteca Nacional. Em uma de suas últimas publicações, Sérgio Sant'anna se inspirou na lembrança de um treino do Fluminense na década de 1950, contada pelo ponto de vista de uma trave de gol. O texto foi publicado pela Folha de São Paulo. "Quando a bola bate em mim, depois de um bom chute, como a folha seca do Didi, sinto quase como mérito meu. Mas bolas entram e tudo bem, é também parte do meu jogo particular" O escritor foi colunista dos jornais Folha de S. Paulo, Estado de São Paulo, O Dia e Jornal do Brasil. O último conto de Sérgio Sant'anna foi publicado na revista Época. "Com minha imaginação solta, penso na dama de branco como uma sílfide, que parece levitar acima do solo, com o seu vestido comprido, esvoaçante". Às vezes, penso que a dama de branco é a própria morte. Sei que isso é um modo de prendê-la e logo me penitencio e sei que em outro momento pensarei outra coisa. A morte não passa de uma obsessão minha". O escritor teve sua obra traduzida para o alemão, italiano, francês e tcheco. "E até o fim ele está se renovando. Esse último texto, trabalho dele, eu li só um trechinho, que ele tinha me mandado pra ler. É uma coisa diferente das coisas que ele já tinha escrito. Ele está sempre se renovando,. Isso que eu acho mais impressionante, que tem de mais relevante na carreira dele: é que ele passou por vários momentos sempre trazendo uma novidade", contou André Sant'anna, filho do escritor. Initial plugin text