O G1 ouviu trabalhadores que tiveram suas rendas cortadas nesse período de pandemia, e passam por dificuldades financeiras. Todos solicitaram o Auxílio Emergencial. Mas só um recebeu. Brasileiros passam por dificuldades financeiras em meio à pandemia Reprodução/Acervo pessoal Sem renda, sem trabalho, sem perspectivas concretas de retomada – e enfrentando dificuldades para receber o Auxílio Emergencial do governo. Para milhões de brasileiros nessa situação, afetados pela pandemia da Covid-19 e pelas necessárias medidas tomadas para conter a disseminação do vírus, conseguir como pagar as contas do mês e as refeições do dia seguinte se tornou motivo de angústia. Trabalhadores como o pipoqueiro Mauro Júnior, a doméstica Débora Farias, a manicure Rudania e o supervisor de call center Rafael Moreira têm dependido da solidariedade da família, amigos e clientes para atravessar a pandemia, mas não conseguem deixar de lado a preocupação com o futuro. Gastos não essenciais foram cortados – e, ainda assim, contas não pagas já começam a se acumular. O Auxílio Emergencial anunciado pelo governo – três parcelas de R$ 600 – é outra fonte de tensão. O G1 ouviu cinco trabalhadores que tiveram suas rendas cortadas nesse período de pandemia, e passam por dificuldades financeiras. Todos solicitaram o Auxílio Emergencial. Mas só um recebeu. Essas são as suas histórias. Mauro Júnior, 27 anos, pipoqueiro Mauro Junior vive da venda de pipocas há 12 anos na Região Oeste do Rio de Janeiro Arquivo Pessoal Casado e pai de dois filhos pequenos, Mauro não tem outra fonte de renda além do carrinho de pipoca, que foi obrigado a tirar das ruas da Zona Oeste do Rio desde o começo de março. Sem renda, passou a viver da ajuda de algumas mães de crianças que estudam nas escolas onde ele costumava vender sua pipoca. "É com essa ajuda que a gente está sobrevivendo”, conta. A mulher de Junior está desempregada há mais de um ano. Nenhum dos dois conseguiu receber o auxílio emergencial oferecido pelo governo federal. Leia mais aqui. Rudania dos Santos Dias da Silva, 38 anos, manicure Rudania dos Santos Dias da Silva está contando com a ajuda de clientes para comprar comida e seu remédio para depressão Arquivo pessoal Rudania é manicure desde os 13 anos, e se mudou da Paraíba para São Paulo aos 16 anos. Trabalhou como doméstica e manicure em um salão até conseguir abrir o seu próprio, há dez anos. Mas a pandemia a fez fechar as portas. "Hoje me vejo numa situação muito difícil porque trabalham três pessoas comigo e não posso ajudá-los porque no momento nem eu tenho como sobreviver. Todos nós dependemos do salão”, diz. Rudania mora com um filho de 10 anos e sustenta a casa sozinha – e não está conseguindo pagar as contas. Só está conseguindo comer porque algumas clientes estão dando uma ajuda de custo. Ela diz que tentou receber o auxílio emergencial de R$ 600, mas teve o pedido negado. Contestou, e está esperando resposta. Leia mais aqui. Rafael de Lima Moreira, 35 anos, supervisor de call center Rafael de Lima Moreira, de 35 anos, está passando por uma fase difícil após ter perdido o emprego antes da quarentena Arquivo pessoal Rafael ficou desempregado em fevereiro, após ficar apenas três meses trabalhando como supervisor de call center. Hoje, vive graças à ajuda financeira da mãe e da sogra. Ele, a esposa e o filho de 6 anos moram nos fundos da casa da sua mãe, na Zona Leste de São Paulo, e não pagam aluguel. Com os processos seletivos dos quais participava suspensos, não sabe quando vai voltar a ter alguma renda. Rafael fez o pedido do auxílio emergencial em 7 de abril, mas o benefício ainda está em análise. "A gente vai se virando como dá”, lamenta. “É preocupante porque não sabemos como vai ficar daqui para frente". Leia mais aqui. Débora Farias, 43 anos, doméstica Débora Farias, 43 anos: "Se não fossem meus clientes, eu estava agora passando apuros” Arquivo Pessoal Desde o início da pandemia, em março, Débora teve que deixar as suas faxinas diárias e, com elas, uma boa parte do seu ganho mensal. Só não ficou sem nada porque alguns de seus clientes decidiram continuar pagando. Débora e seu marido engrossam a fila de brasileiros que aguardam para receber o Auxílio Emergencial. Os dois se enquadram nas exigências do governo, mas seu marido ainda está "em análise", enquanto ela foi aprovada, mas ainda não recebeu. "É um tal de liga aqui, liga acolá e não resolve nada", diz. "Já o meu marido está sempre 'em análise'. É muito cansativo, viu". Leia mais aqui. William Paiva, 37 anos, fotógrafo William Paiva, fotógrafo autônomo, teve que vender bens Reprodução/Acervo Pessoal Fotógrafo autônomo de casas noturnas, William chegou a fazer cinco eventos por semana nos bons momentos do mercado. Com a quarentena, viu o faturamento ir a zero. Sem reservas financeiras, a fuga de dinheiro impactou a conta de William imediatamente. A saída foi vender os bens. "Algumas pessoas compraram mesmo sem precisar, muito para ajudar mesmo, ou pagaram um pouco a mais do que o valor que eu tinha pedido. Foi o que ajudou porque eu estava sem receber desde o Carnaval", conta. Ele também apelou para o Auxílio Emergencial. Demorou 40 dias, mas pode se contar entre os que deram sorte, pois conseguiu receber. Mas assim que o dinheiro entrou, foi direto para quitar dívidas com o banco. Leia mais aqui. Demora na aprovação do auxílio emergencial ainda é comum entre beneficiários Initial plugin text