Pai de dois filhos pequenos, Mauro Junior ainda ajuda a mãe, que é viúva e vive sozinha. Família contou com dinheiro e alimentos doados por mães de alunos das escolas onde ele costumava vender pipocas. Mauro Junior vive da venda de pipocas há 12 anos na Região Oeste do Rio de Janeiro Arquivo Pessoal A solidariedade tem garantido a sobrevivência da família do pipoqueiro Mauro Júnior, de 27 anos, durante a pandemia do novo coronavírus. Casado e pai de dois filhos pequenos, ele não tem outra fonte de renda além do carrinho de pipoca, que foi obrigado a tirar das ruas da Zona Oeste do Rio desde o começo de março. “Eu estou vivendo com a ajuda de algumas mães, que fizeram uma vaquinha e me ajudaram. Algumas depositaram dinheiro na minha conta, outras me deram alimentos. É com essa ajuda que a gente está sobrevivendo”, contou. Sem renda e com dificuldades para receber o Auxílio Emergencial, trabalhadores dependem de ajuda para atravessar pandemia Sem dinheiro, supervisor de call center vive com ajuda da mãe e da sogra Com salão fechado, manicure diz que só consegue comer 'com ajuda de clientes' 'Estamos vivendo da ajuda dos meus clientes', diz empregada doméstica da periferia de SP Juntei tudo que eu podia para vender', diz fotógrafo de baladas em SP Junior mora com a mulher e os dois filhos, um de 2 anos de idade e o caçula com apenas sete meses de vida, na comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes. Ele vendia pipoca nos três turnos na porta de diferentes escolas da região e precisou parar com o trabalho tão logo teve início a pandemia. Além da suspensão das aulas, a atividade dele não é considerada serviço essencial e, portanto, foi proibida diante das medidas de isolamento social para conter a disseminação do coronavírus. “Sempre vivi de pipoca. Em 12 anos, essa é a primeira vez que aconteceu de ficar tanto tempo sem entrar nenhuma grana”, enfatizou o pipoqueiro, que vende pipoca nas ruas desde os 15 anos de idade. A mulher de Junior está desempregada há mais de um ano. Nenhum dos dois conseguiu receber o auxílio emergencial oferecido pelo governo federal. “Só diz que está em análise. Eu fiz meu cadastro no primeiro dia achando que iria ser um dos primeiros a receber e até hoje [8 de maio], nada”, reclamou. O pipoqueiro Mauro Junior, de 27 anos, está desde o dia 27 de abril aguardando a análise do governo para receber o auxílio emergencial Reprodução Veja como contestar o Auxílio Emergencial Saiba como é feita a análise e o que pode levar à exclusão do benefício Enquanto aguarda a ajuda do governo, ele vê a despensa cada vez mais vazia e as contas se acumulando. “Mais uma semana e acabou a 'mistura' aqui dentro de casa, da ajuda que as mães me deram um mês e meio atrás”, revelou ele. O aluguel no valor de R$ 900 está atrasado há três meses, mas ele conseguiu negociar com o proprietário. “Ele está entendo o que está acontecendo. Prometi que quando voltar a trabalhar vou acertar tudo com ele”, disse. O dinheiro que ganhou da doação das mães de alunos das escolas garantiu a compra de alimentos básicos, fraldas e ainda fazer compras para mãe, que é viúva e vive sozinha em outra casa na mesma comunidade. “Eu tive que usar um pouco do dinheiro para pagar a TV [por assinatura], porque não dava para ficar com filho pequeno trancado dentro de casa num breu, sem fazer nada. Renegociei a dívida e paguei uma parte para poder manter a TV ligada”, destacou. Carrinho de pipoca garantia o sustento da família do pipoqueiro Mauro Junior antes da pandemia do novo coronavírus Arquivo Pessoal Outra dívida que o preocupa é a do carrinho de pipoca novo. “Mandei fazer com um conhecido meu e ainda falta pagar R$ 400. Prometi dar a ele a outra parte assim que voltar a trabalhar. Ele está segurando a onda”, enfatizou. Sem perspectivas de quando poderá voltar com seu carrinho de pipoca para as ruas, Junior disse que consegue se manter tranquilo enquanto ainda tem alimento em casa. “Espero poder voltar a trabalhar logo”. Trabalhadores enfrentam demora para receber auxílio emergencial de R$ 600