Com dois filhos e marido desempregado, Débora Farias passa o mês apertada com a ajuda financeira de apenas 6 clientes. Ela teve que prorrogar prestações da casa própria e está na fila para receber o Auxílio Emergencial. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março, a empregada doméstica Débora Farias, de 43 anos, teve que deixar as suas faxinas diárias e, com elas, uma boa parte do seu ganho mensal. Moradora da Vila Ayrosa, um bairro de periferia da zona norte de São Paulo, ela só não ficou sem nada porque, mesmo não indo trabalhar, 6 dos seus 7 clientes fixos decidiram continuar depositando o dinheiro da faxina. Isso é o que tem garantido o sustento da sua família. “Estamos vivendo da ajuda dos meus clientes. Se não fossem eles, eu estava agora passando apuros”, diz Débora. Sem renda e com dificuldades para receber o Auxílio Emergencial, trabalhadores dependem de ajuda para atravessar pandemia 'Estou vivendo com a ajuda de algumas mães', diz pipoqueiro sem trabalho no Rio Sem dinheiro, supervisor de call center vive com ajuda da mãe e da sogra Com salão fechado, manicure diz que só consegue comer 'com ajuda de clientes' Juntei tudo que eu podia para vender', diz fotógrafo de baladas em SP Com o dinheiro que ela recebe – que é metade do que costumava tirar no mês – a doméstica prioriza as compras de alimentos e de higiene. “Não pode faltar nada para as crianças”, diz ela, que tem uma filha de 14 anos e outro de 7 anos. Débora Farias, 43 anos: "Se não fossem meus clientes, eu estava agora passando apuros” Arquivo Pessoal Já o seu esposo, trabalhador da construção civil, já estava desempregado bem antes de começar a pandemia. “Os dois dentro de casa, sem trabalhar e sem auxílio, fica difícil”. Com contas de consumo em atraso, ela e seu marido engrossam a fila de brasileiros que aguardam para receber o Auxílio Emergencial. Os dois se enquadram nas exigências do governo, mas seu marido ainda está "em análise", enquanto ela foi aprovada, mas ainda não recebeu. Tire suas dúvidas sobre o auxílio emergencial de R$ 600 "Hoje (6 de maio) mesmo fui bem cedo na Caixa tentar resolver isso. Me disseram que fui aprovada. A atendente me ajudou a abrir a conta digital, mas disse que eu precisava ligar no 111 para ver quando vou receber. É um tal de liga aqui, liga acolá e não resolve nada", diz Débora. "Já o meu marido está sempre 'em análise'. É muito cansativo, viu". Financiamento da casa própria Além de estarem com as contas de consumo atrasadas, ela e o esposo tiveram que prorrogar o pagamento dos empréstimos da casa própria por 60 dias. "Ainda bem que deram a opção de prorrogar. Sabe lá Deus quando é que vou conseguir voltar a pagar, porque pelo jeito essa pandemia vai se estender". Débora começou a financiar a casa em que moram atualmente em 2013, quando o seu marido ainda estava empregado em uma empresa de construção civil. "Na época, estava entrando um dinheiro bom, então decidimos comprar nossa casa. Mas veio aquela crise [de 2015 e 2016] e parou tudo. Desde então está muito difícil de a gente se recuperar. Estamos nesse barco de fazer negociação atrás de negociação. E o banco só aumentando os juros", conta a doméstica. "Já corri atrás para ver se eles baixam os juros, mas eles são muito ruins de negócio", lamenta. Trabalhadores enfrentam demora para receber auxílio emergencial de R$ 600