Economistas estimam desemprego tenha subido para 16% que no mês passado, nos Estados Unidos. Sede do Federal Reserve em Washington, nos Estados Unidos Chris Wattie/Reuters A economia dos Estados Unidos (EUA) pode começar a se recuperar no segundo semestre deste ano, após o que está se desenhando como a pior recessão em décadas, mas o crescimento provavelmente será lento e desigual, indicaram vários importantes formuladores de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) nesta terça-feira (5). Veja as últimas notícias sobre coronavírus As avaliações não exatamente otimistas foram feitas à medida que a maioria dos estados dos EUA começou ou se moveu para reabrir suas economias, paralisadas há semanas para retardar a propagação do coronavírus. "Estamos vivendo a mais severa contração da atividade e o (mais severo) aumento do desemprego que já vimos em nossas vidas", disse o vice-chair do Fed, Richard Clarida, durante uma entrevista à CNBC. "Infelizmente, a taxa de desemprego vai saltar para números que não vimos provavelmente desde os anos 1940." Economistas consultados pela Reuters estimam que no mês passado o desemprego tenha subido para 16%. Nesta terça, um grupo de pesquisadores do Fed de Chicago estimou uma taxa de desemprego "U-Cov" — que leva em conta pessoas não contabilizadas nos números oficiais, como aquelas que deixaram de buscar trabalho por causa do confinamento– em algo entre 25,1% e 34,6% em abril. Ainda assim, Clarida disse estar esperançoso de que o Fed possa limitar danos duradouros à economia, acrescentando que está "dentro do leque de possibilidades" que a recuperação econômica comece no segundo semestre do ano uma vez que empresas reabram e pessoas retornem ao trabalho. "Existem muitas possibilidades diferentes", disse o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de Atlanta, Raphael Bostic, sobre o formato de qualquer recuperação, observando que, em primeiro lugar, ela depende da estabilização da taxa de infecções. "Em muitas comunidades, a recuperação em 'V' será muito difícil de se alcançar", disse Bostic, referindo-se a um cenário onde há uma rápida retomada econômica. As infecções por coronavírus nos EUA continuam a aumentar, superando até o momento 1,1 milhão de casos, e alguns epidemiologistas estão prevendo mais de 130 mil mortos até o início de agosto. Enquanto isso, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse nesta terça-feira que a Casa Branca poderia desmontar sua força-tarefa do coronavírus até o final do mês. "Em todo o país tem havido uma quantidade razoável de diversidade de experiências, de diversidade de vulnerabilidade e isso se traduzirá em variedade das recuperações", disse Bostic. Pesquisa mostra que mais de 70% da população dos EUA é contra reabertura dos serviços Reabrir é decisão "ousada" O presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, afirmou nesta terça-feira ser "razoável" esperar um retorno do crescimento econômico nos Estados Unidos na segunda metade deste ano, mas que esse desfecho é apenas um pouco mais provável do que o de visões mais pessimistas. Em uma teleconferência com repórteres, Evans disse que reabrir a economia enquanto a pandemia continua é uma "decisão ousada com riscos bastante altos", acrescentando que as autoridades terão uma ideia melhor das perspectivas até o verão (no Hemisfério Norte). Se tudo correr bem, disse ele, o desemprego –que deve subir para dois dígitos neste trimestre– pode voltar a cair para 5% até o final do próximo ano. Esse cenário "envolve muitas coisas dando certo … é preciso compromisso e também é preciso paciência; a paciência está muito escassa". O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, alertou em uma outra teleconferência com repórteres que mais empresas podem falir e organizações sem fins lucrativos podem fechar se a recuperação atrasar. "Se a fraqueza persistir no segundo semestre do ano, acho que teremos novos problemas à vista se não conseguirmos controlar a pandemia", afirmou.