A região é uma das principais áreas de comércio de São Paulo. As quatro mil lojas de rua e os oito mil boxes que funcionam no Brás geram 200 mil empregos diretos e outros 400 mil indiretos. Com lojas fechadas, comerciantes do Brás vendem por marketplace
A região do Brás é uma das principais áreas de comércio de São Paulo. Nela passavam em média 400 mil pessoas por dia. Com o isolamento social o bairro ficou vazio. Vender no off-line já não é uma opção, então o jeito foi mirar nas vendas online.
O empresário Fauze Mohamed Yunes é dono de uma confecção de jeans que está há 45 anos no Brás. Nunca passou por uma crise tão repentina.
“Trabalhamos quinta, sexta fechou, sábado que é movimento não abriu. Fui correr atrás, cancelar algum pedido de tecido. A estimativa ia ser menor. Foi corrida contra o tempo, acertar contas. Ninguém sabia quando ia voltar”, conta.
As quatro mil lojas de rua e os oito mil boxes que funcionam no Brás geram 200 mil empregos diretos e outros 400 mil indiretos. Para manter o negócio rodando os donos de lojas e confecções precisaram usar a internet e estão vendendo através de marketplaces.
Marketplaces são plataformas digitais. Reúnem lojas e fabricantes num grande shopping virtual. Até o Brás tem um, voltado só para empresários que tem negócios no bairro e pessoas que compram lá.
“Começamos focados no jeans. A grande indústria do Brás é a do jeans. E o que acontece? Começou a ter demanda não só de jeans, mas de outros fabricantes que queriam fazer parte da plataforma”, explica Viviane Marrese, criadora da plataforma.
Viviane Marrese criou o marketplace em 2017. Tinha 72 marcas – entre lojas e fábricas – vendendo na plataforma. Com o fechamento do comércio, o número de novos cadastros subiu 30%. As vendas cresceram140%. “A sacoleira que não comprava pela internet, passou a acessar. E pode comprar qualquer horário do dia e noite”, conta ela.
Como funciona:
Para quem vende:
– É preciso estar formalizado e passar por uma seleção.
– A plataforma faz o marketing digital
Para quem compra:
– O preço é igual ao da fábrica ou loja.
– A entrega é pelos correios e não é cobrado frete.
– Pode parcelar o valor e comprar no varejo e atacado.
A plataforma fica com uma comissão. “A comissão é sobre o valor sobre a peça vendida e ele não terá custo adicional”, explica a empresária.
A plataforma trabalha com o estoque que os cadastrados já têm. O empresário Fauze Mohamed Yunes, por exemplo, está com a loja fechada, mas não parou a produção. “A gente deixou de cortar peças, mas o que está nas outras etapas estamos dando andamento”, conta.
Além de agora vender pelo marketplace, o empresário também usa o WhatsApp. Ele tira foto das peças para fazer a divulgação. Como as vendas na loja física caíram 85%, o que ele fatura no digital dá para manter funcionários e pagar as contas. “Ajuda a pagar despesas, mas não sobra. Não dá lucro."
GIRO NO BRÁS
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