No mesmo período, caiu em 4,4% o número de domicílios com TV por assinatura. Segundo o IBGE, dados sugerem alta no consumo de streaming no país. Cada vez mais os brasileiros utilizam a televisão para navegar na internet e deixam de contratar serviço de TV por assinatura. É o que evidencia uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, em dois anos mais que dobrou o número de internautas que se conectavam à rede pela TV. No mesmo período, caiu em 4,4% o número de domicílios do país que contavam com TV por assinatura. Em 2018, quase 46 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à internet, aponta IBGE Os dados foram coletados pelo IBGE no 4º trimestre de 2018 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Naquele ano, 31,4 milhões de internautas no país usavam a TV para se conectar à internet. Em 2016, esse contingente era de 13,1 milhões. Nº de usuários e de domicílios que usam TV para acessar internet Economia G1 Ao investigar o uso da internet no país, a pesquisa mostrou também que assistir a vídeos, incluindo programas, filmes e séries, é a terceira principal finalidade do internauta brasileiro, o que justificaria o aumento do acesso à rede pela televisão. Juliane Souza/G1 No mesmo intervalo de dois anos, caiu em 3,1 milhões o número de domicílios que contavam com TV por assinatura – o serviço estava presente em 69,3 milhões domicílios em 2016 e chegou a 66,2 milhões em 2018. Segundo a pesquisa, na maioria dos domicílios onde não havia TV por assinatura a justificativa para não contratá-lo era o preço – em 51,8% dos domicílios o serviço era considerado caro. A falta de interesse foi o segundo motivo mais listado, apresentado em 42,5% dos domicílios. De acordo com a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, os dados podem denotar um aumento na contratação dos serviços de streaming no Brasil. O streaming é uma forma de transmissão instantânea de dados de áudio e vídeo na internet, por meio do qual se pode assistir a conteúdo audiovisual sem a necessidade de fazer download, ou seja, sem precisar salvar o conteúdo no aparelho usado para conectar à web, o que torna mais rápido o consumo do conteúdo online. “Se a gente considerar que é alta a finalidade do acesso à internet para ver vídeos, que aumentou o uso da TV para se conectar à rede e que houve queda da TV por assinatura, a gente consegue ter uma 'proxy 'de que esse tipo de serviço teve aumento no país”, apontou. Segundo a pesquisadora, os preços dos serviços de streaming são muito mais baratos que os de TV por assinatura no Brasil, o que estaria pesando na preferência dos brasileiros. “O rendimento médio de quem utiliza TV por assinatura é mais que o dobro de quem não tem assinatura ou de quem utiliza antena parabólica, por exemplo. Então, o preço do serviço pode ser um fator que levou as pessoas a buscar outras alternativas para assistir a filmes e séries”, disse. De acordo com a pesquisa, o rendimento real médio per capita dos domicílios que tinham TV por assinatura em 2018 era de R$ 2.721, enquanto naqueles onde não havia este tipo de serviço o rendimento médio per capita foi de R$ 1.106. Ainda segundo a gerente da pesquisa, o uso dos serviços de streaming deverá ser incluído no questionário da pesquisa até 2021, o que irá permitir um retrato fiel da sua utilização no país. Dependência do sinal analógico Até o 4º trimestre de 2018, 3,1% dos domicílios do país ainda não possuíam nenhuma alternativa ao sinal analógico de TV aberta, o que representa cerca de 2,1 milhões de domicílios. Quando a transmissão do sinal analógico for inteiramente desligado no país, as televisões sem conversor para receber o sinal digital não terão acesso direto aos canais de televisão aberta, a não ser por meio de serviço de televisão por assinatura ou antena parabólica. Segundo o IBGE, houve “rápida redução no número de domicílios sem quaisquer desses três meios de acesso a canais de televisão aberta no caso do desligamento do sinal analógico”. Em 2016, chegava a 6,2% o total de domicílios sem qualquer alternativa ao sinal analógico, o que representava cerca de 4,2 milhões de domicílios. Em área urbana, a queda foi de 6,1% para 3,0%, e em área rural, de 6,8% para 4,1%. Entre as regiões do país, Norte e Nordeste foram as que apresentaram os percentuais mais altos de domicílios sem acesso ao sinal digital, ambas com 4,5%. Nas demais regiões, estes percentuais variaram entre 2,2% a 2,9% dos domicílios.