Entidade era contra o acordo entre as empresas. Fechada em 2018, parceria previa criação de empresa conjunta de US$ 5 bilhões que teria controle da gigante americana. Boeing rescinde acordo de compra da área da aviação comercial da Embraer O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) pediu, em comunicado neste sábado (25), estabilidade no emprego dos funcionários da Embraer, após a rescisão da empresa com a Boeing. O acordo que daria à empresa norte-americana o controle sobre a divisão de aviação comercial da brasileira, foi anunciado pela empresa norte-americana neste sábado. A entidade sindical era contra o acordo entre as empresas, desde que ele foi anunciado em 2018. “Foi o melhor que aconteceu agora. Porque, se acontecesse no futuro, onde a gente estaria muito mais dependente da Boeing, o prejuízo poderia ser muito maior para os trabalhadores brasileiros”, afirmou o diretor do sindicato Herbert Carlos. No comunicado distribuído pelo sindicato, a entidade pediu estabilidade no emprego dos funcionários da Embraer, mesmo com os possíveis impactos financeiros que o fim do acordo pode impor a empresa. O sindicato também informou que tentará uma reunião com a diretoria da Embraer nos próximos dias. Negócio Firmado em 2018, o negócio – então avaliado em R$ 5,26 bilhões – previa a criação de uma empresa conjunta que ficaria sob comando da Boeing, com 80% de participação. A Embraer ficaria com os 20% restantes, e poderia vender a sua parte para a americana. “É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes”, diz o comunicado aos investidores divulgado pela Boeing. O texto diz ainda que a Boeing “exerceu seu direito de rescindir" acordo "após a Embraer não ter atendido as condições necessárias”. Já a Embraer afirmou que a Boeing rescindiu "indevidamente" o acordo e que a empresa norte-americana "fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação". A empresa ainda diz que buscará as medidas cabíveis contra a Boeing, pelos danos sofridos pela rescisão do acordo. Mercado O cancelamento ocorre em meio aos impactos causados pelo coronavírus no mercado de aviação. A queda nas ações da Embraer e preocupações com dinheiro na Boeing, impulsionadas pelo impacto do coronavírus nas viagens aéreas, foram um golpe para a transação nos últimos dias. As ações da terceira maior fabricante de aviões do mundo chegou a cair dois terços desde que o acordo foi divulgado em 2018, segundo dados da Refinitiv. A esse preço, a Boeing assumiria o controle da unidade comercial da Embraer, mas somente após pagar três vezes o valor de toda a empresa. A Boeing se ofereceu para pagar US$ 4,2 bilhões em dinheiro por 80% da unidade comercial da Embraer, que fabrica jatos no segmento de 70 a 150 assentos e concorre com o programa A220, recentemente adquirido pela Airbus. Parceria entre Boeing e Embraer prevê a criação de joint ventures de aviação comercial e defesa. Claudia Ferreira / G1