Rescisão do acordo, que previa a compra da área da aviação comercial da Embraer, foi anunciado no último sábado (25) pela empresa norte-americana. Embraer abre processo de arbitragem após Boeing rescindir acordo entre as empresas Denis Balibouse/Reuters; Roosevelt Cassio/Reuters A Embraer informou na manhã desta segunda-feira (27) que abriu procedimentos arbitrais após a Boeing rescindir o negócio avaliado em US$ 5,2 bilhões entre as duas empresas. A arbitragem é um mecanismo usado na solução de conflitos em negociações sem envolver a Justiça. O modelo é mais rápido e dispensa alguns protocolos do judiciário. Ao invés de um juiz, o processo é julgado por uma pessoa eleita pelos envolvidos e especialista na área, no caso, a aviação. O processo de arbitragem é sigiloso. Entenda como Boeing e Embraer foram da aproximação ao rompimento do acordo bilionário A medida é uma tentativa da Embraer em reaver perdas sofridas com o cancelamento do negócio. Só em 2019, a empresa brasileira investiu R$ 485 milhões para preparar a venda da divisão comercial à Boeing. A informação foi dada durante conferência com jornalistas e foi publicada em comunicado direcionado ao mercado e acionistas (veja abaixo). Embraer abre processo de arbitragem após Boeing rescindir acordo entre as empresas Reprodução Durante a conferência, a Embraer informou a necessidade de economia na ordem de US$ 1 bilhão em custos em 2020. A empresa brasileira afirma que trabalha para ajustar os níveis de produção e despesas para economia dos recursos. A Embraer informou ainda que terminou 2019 com uma "sólida posição de caixa" e que não tinha "dívida significativa" para os próximos dois anos. Negócio cancelado A rescisão do acordo, que previa a compra da área da aviação comercial da Embraer pela Boeing, foi anunciado no último sábado (25) pela empresa norte-americana com a alegação de "a Embraer não ter atendido as condições necessárias”. A Embraer afirma que a Boeing rescindiu "indevidamente" o acordo entre as empresas na área comercial e que a empresa norte-americana "fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação". Firmado em 2018, o negócio – então avaliado em US$ 5,26 bilhões – previa a criação de uma empresa conjunta que ficaria sob comando da Boeing, com 80% de participação. A Embraer ficaria com os 20% restantes, e poderia vender a sua parte para a americana. Mercado O cancelamento ocorre em meio aos impactos causados pelo coronavírus no mercado de aviação. A queda nas ações da Embraer e preocupações com dinheiro na Boeing, impulsionadas pelo impacto do coronavírus nas viagens aéreas, foram um golpe para a transação nos últimos dias. As ações da terceira maior fabricante de aviões do mundo chegou a cair dois terços desde que o acordo foi divulgado em 2018, segundo dados da Refinitiv. Parceria entre Boeing e Embraer prevê a criação de joint ventures de aviação comercial e defesa. Claudia Ferreira / G1